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quinta-feira, 20 de março de 2008

Vista de Um Ponto

Melhor morrer por um ideal do que viver sem algum.

No dia 06 de março de 2008 comemoraremos pela primeira vez uma data que pertence ao nosso estado, exclusivamente. Feriado. Dia da Insurreição Pernambucana de 1817. Prelúdio de novos tempos ainda por vir. Uma luta que, embora naquele momento fracassado, serviu de estímulo e força para inúmeras outras. A Confederação do Equador em 1824 foi um de seus reflexos. Mas não só ela; seguiram-se muitas e nosso título de ‘Leão do Norte’ rugia cada vez mais forte em cada uma delas. Mas, será que a gente chegou lá?

Quando os revolucionários vislumbraram uma transformação no país e tentaram realizá-la, talvez eles pensassem que não fosse dar certo. Talvez eles achassem que nem ia sair do papel seus planos. Contudo, o objetivo de tornar independente e livre o seu território, sem interferência de elementos externos e sem “investimentos” (no caso dos impostos pagos) que jamais trariam retorno (como foi o pagamento dos impostos à coroa, que só aplicava na capital) foi maior. O ideal de democracia foi maior. Apesar de não levarem em consideração a importância da libertação dos escravos para o processo de emancipação social e fortalecimento da luta sendo um elemento que iria significar, definitivamente, a consolidação da democracia no seio de um país essencialmente aristocrático, conservador e patriarcal.

Outras províncias aderiram ao movimento iniciado por Pernambuco e também estabeleceram a independência em relação ao resto do Brasil; foram os casos de Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará (embora não tenha conseguido tempo para a adesão de todo o estado). Foi proclamada a primeira república no Brasil. Durou setenta e dois dias e, apesar da grande participação do clero da Igreja Católica (motivo pelo qual é igualmente chamada de Revolução dos padres), estabeleceu pela segunda vez no país a liberdade de culto (a primeira havia sido durante o período nassoviano, também em Pernambuco).

É certo que fatores econômicos muito influenciaram nesse “ideal republicano”, mas é pela primeira vez, muito antes dos outros estados e de Deodoro da Fonseca (não bem um líder, apenas uma pessoa que enterrou uma forma de governo cuja não cabia mais) que os pensamentos iluministas e da Revolução Francesa são consolidados no Brasil. Ainda que tenha sido apenas em uma parte dele. Ainda que a adesão de algumas províncias fosse o início de uma posterior adesão de outros lugares. Ainda que tenha sufocado pelo governo régio de D. João VI.

Mas não fracassou. Continuou viva na memória dos que permaneceram vivos e teve sua complementação sete anos depois, na Confederação do Equador. E em outras. Domingos Teotônio Jorge, José de Barros Lima, Domingos José Martins, Padre Miguel Joaquim de Almeida e Castro, Antônio Rodrigues e tantos mantiveram suas memórias vivas até hoje. Será que conseguimos honrá-las, estabelecendo uma real república soberana em nosso país?

Acredito que o feriado, após tantos anos de esquecimento, venha para nos lembrar a importância de continuarmos lutando. Uma luta árdua que não sabemos quando triunfará. Mas, ainda assim, prefiro morrer por um ideal a viver sem tem razão.

Escrito por: Amanda Gondim

Professora de História

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