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quinta-feira, 20 de março de 2008

Vento e Raiz

Repensando o conceito de educação


Pretendo nesse texto colocar-me diante de uma questão extremamente seria e porque não dizer, polêmica: a idéia do que vem a ser a prática educativa.

Faço essa breve análise não só como componente de um meio de comunicação escrito, mas, e principalmente como um profissional da educação.

Fala-se fartamente sobre a importância da educação, o jargão utilizado por Monteiro Lobato quando disse que “uma nação se faz com homens e livros” já virou uma panacéia na boca e nos discursos políticos e apologéticos da educação. Agora uma coisa é certa, poucos param para refletir qual o sentido verdadeiro da atividade educativa.

Etimologicamente, a palavra educação vem do latim educere que quer dizer: conduzir para; mas ao longo dos tempos, esse sentido-raiz do termo, tem se modificado, como também, sua própria prática e aplicação.

O dicionário, o “aurelião” que agora, ou pelo menos aqui em São Vicente Férrer tem sido o grande panorama de reflexões superficiais, ou melhor, tem para muitos se tornado a grande bíblia de consultas filosóficas e reflexivas, apresenta outros significados para o termo. Esta lá: educação – “promover a educação, transmitir conhecimento, instruir, cultivar o espírito, domesticar, domar, etc”.

Esses dois últimos significados que o dicionário apresenta, tem sido para mim, os referencias para essa reflexão. Domesticar significa, tornar doméstico, amansar. Partindo daí, podemos perceber que esse é quem tem sido o verdadeiro sentido da educação e eu proponho até um novo termo para o professor, que poderia chamar-se DOMADOR.

Ora, o que faz um domador? – amansa animais. Durante muito tempo os domadores usavam a violência física, atualmente, trabalham mais com castigos e recompensas. Isso assemelha-se muito com o trajeto temporal da educação, que um dia já usou a violência física das palmatórias e dos castigos e hoje ainda utiliza-se da violência psicológica das recompensas e exclusões.

A educação em sua essência é uma construção livre e isso é o que faz o ser humano livre e responsável, ou seja, ético.

A educação em seu sentido primordial, tem o que para os gregos antigos significava o que Sócrates chamou de maiêutica (dar a luz), ou seja, parir idéias.

O professor deve ser como uma parteira, ou seja, provocar, ajudar o aluno a “dar a luz” a idéias, reflexões, analises do mundo em que vive, e não apenas transmitir conhecimentos organizados e obrigatórios.

Já é uma contradição uma educação livre ser obrigatória. Por que se obriga a educação? A resposta é simples: - a educação tem servido para reproduzir o que o sistema quer, que são seres domados, mansos, que não reagem, que não refletem por si, mas, apenas absorvem o que lhes é dado pronto e acabado e ainda são sujeitos a castigos e recompensas se não responderem como se espera ao que lhes é imposto.

A educação do sistema capitalista, em todos os níveis sociais de integração reproduz a idéia de que existe autoridades donas da verdade e súditos. São professores, padres, pastores, militares, patrões e políticos, todos querendo obediência cega e muda, todos apresentando seus heróis, patronos e santos como modelos a serem seguidos, e geralmente esses modelos eram obedientes, subservientes, humildes, calados, “EDUCADOS”.

O que se quer de todos os “EDUCADOS” são bons patriotas, bons consumidores, bons fieis, bons empregados, bons pagadores de impostos e de dízimos.

Criticar é um crime! Coisa de arruaceiro! Coisa de revoltado, sujeito às fogueiras da verdade dos inquisidores dominantes.

Acredito que o leitor deve estar se perguntando se eu sou a favor do caos e da desordem já que critiquei o que considero como atraso. Ai eu lanço algumas perguntas: Será que já não vivemos num caos? Por que se matam milhões de fome? Por que tantas guerras e tanta exploração? Por que num sistema de educação obrigatória existem tantos camponeses e operários analfabetos? Por que essa educação tão eficaz consegue formar tantos ladrões e doutores em ilegalidade? Como uma sociedade tão bem estruturada consegue formar tantos exploradores eficazes, tantos destruidores da natureza que provocam a cada dia um suicídio coletivo e uma massa tão grande de miséria?

Acredito que até hoje tem falhado os mestres e autoridades como também, suas falsas atuações de domar.

Acredito que enquanto continuar a reproduzir esse sistema auto-destrutivo estamos longe de formar seres responsáveis com a sociedade e o planeta. Enquanto não se educar para a reflexão e para a liberdade de atuação e mudança da atual ordem social, o mundo caminhará para sua própria destruição.

Quero deixar a grande dúvida: -Que geração terá coragem de romper com tudo isso?

Escrito por: Kleber Henrique

Professor de História

E-mail: prof_kleber_henrique@hotmail.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom o texto!
Achei perfeita a interpretação associando o professor a domador.
Na pequena mas prazerosa experiência que tive na educação, percebi que muitos professores esperam alunos domesticados, quietos, que atendam automaticamente aos comandos.
Parece até que estou vendo:
- Todos sentados!
- Todos lendo o texto!
- Todos copiando e respondendo em silêncio os exercícios, não esqueçam EM SILÊNCIO!
- Todos em pé para rezar!
- Cala a boca menino!

E por aí vai, as muitas ordens que os pobres alunos precisam ouvir e obedecer para serem considerados ótimos aprendizes.
Infelizmente fico também com a pergunta do estimado jornalista e educador (acho que a ele como também a alguns poucos não cabe o outro sentido da palavra): "-Que geração terá coragem de romper com tudo isso?"