Casou-se com o faraó mais poderoso do Egito, se tornou sacerdotisa de uma religião monoteísta em uma época em que todos eram politeístas e por conta disso acabou sendo adorada como uma deusa. Nos últimos dias de sua vida, administrou sozinha o maior império do tempo em que viveu.
Nos discursos do seu esposo o faraó Amenhotep IV era comum se encontrar ressalvas a cerca da importância da rainha Nefertiti, e acreditem isso era uma coisa bastante fora do comum para aqueles tempos.
Na verdade Nefertiti começou a existir no Egito após se casar com o faraó, e entrou na história com o pé direito. Implementou o culto ao deus Aton (disco solar) e o prestígio de Nefertiti ficou ainda maior não apenas no Egito, mas, em outras partes do mundo antigo.
As imagens encontradas nas paredes de Amarna (entre Tebas e Mênfis) próximo ao atual Cairo, mostram que Nefertiti ficava cada vez maior nas imagens, em alguns casos no mesmo tamanho do rei. Ser grande, ser pequeno nessas imagens identificava o status do indivíduo na hierarquia do grupo em que estivesse inserido.
Dona de uma magnífica beleza, e carisma incomparável Nefertiti atraia popularidade. Entre as funções que costumava realizar, acompanhava cortejos religiosos e fazia oferendas. Mas, isso não foi suficiente para aplacar a fúria da elite sacerdotal egípcia que tinha preferência pelos deuses tradicionais.
Em pouco tempo tanto o faraó quanto Nefertiti foram elevados a categoria de deuses vivos. As mudanças foram acontecendo bem devagar pra não impactar e gerar rebeliões entre os adeptos de outros deuses.
Um bom exemplo foram as transformações que começaram a acontecer com o próprio deus Aton que era metade homem e metade animal e posteriormente foi substituído por imagens da realeza.
As cerimônias religiosas passaram a ser ministradas exclusivamente à família real, uma vez que, apenas esta possuía o saber e podia cultuar o deus. Assim, Nefertiti tornou-se a personagem principal. Ela agora havia subtraído todas as divindades locais.
No Egito Antigo a política e a religião se misturavam e os sacerdotes de Amon eram quem ministravam essa intermediação. Com a substituição na estrutura religiosa isso passou a ser exclusivo do casal real.
Havia muita gente incomodada com as transformações e quando manifestavam indignação eram perseguidos, presos e até banidos.
Após a morte do seu esposo Nefertiti tornou-se o próprio faraó com direito a coroa e brasões. Restaurou o culto ao antigo Amon-Rá, não que tivesse preocupação em restaurar as antigas práticas, ela apenas manifestava certo interesse em manter a ordem, juntar forças com as elites locais, queria mesmo era apoio do maior número de pessoas.
Akhenaton deixou o Egito submerso em crises e Nefertiti teve que arrumar toda bagunça. Não era uma tarefa nada fácil. Todavia, ela não conseguiu manter a ordem por muito tempo. De forma não esclarecida Nefertiti deixou o trono e a vida.
Alguns pesquisadores arriscam a hipótese de ela ter sido vítima de um golpe da elite. Tanto que o faraó que iria assumir o trono era uma criança com idade de 9 anos. Era o jovem Tutancâmon, o faraó mais novo da História do Egito. Foi assassinado com 18 anos.
Muitos a consideram uma grande mãe por sempre aparecer nas imagens, nos discursos reais e como fundadora de uma nova religião. Porém, ela também pode ser considerada uma figura muito ambiciosa e dessa maneira estaria apenas se enquadrando aos perfis da época, na disputa pelo poder. Tão ambiciosa que seria capaz de sacrificar a vida do seu esposo; Seria uma mulher extremamente impiedosa. Ela é até mesmo acusada do caos que levou o Egito ao fim.
E é justamente por isso que resolvi falar neste pequeno texto sobre uma mulher tão grande como Nefertiti. Sabe-se que toda ausência é atrevida, e muitas vezes quando não se tem provas se inventam roteiros, histórias e provas.
Na verdade todos esses indícios proporcionam muitas interpretações inclusive o preconceito a uma mulher, ainda mais na condição de faraó. Contudo, se esses indícios existem, eles precisam ser interpretados não apenas como fatores contribuintes de destruição, algo negativo.
Atente-se para a grandeza da mente de Nefertiti para articular tais estratégias, se assim ocorreram. Uma mulher com a mente a frente do seu tempo. Perceba-se o jogo de cintura para agradar as diversas facções políticas e religiosas da época. Compreendam-se as transformações no cenário econômico e social que estimularam estratégias mais ousadas por parte desta extraordinária mulher Nefertiti.
Envie suas dúvidas e posicionamentos a cerca do tema discutido. Será uma satisfação enorme poder interagir com o caro leitor.
Consulte:
O Nilo, rio dos deuses. Casas dos deuses. Barsa planeta DVD
Cláudia de Castro Lima. Mulher Maravilha. Aventuras na História. Edição 19. Editora Abril, março de 2005.
Escrito por: Daniel Ferreira
Professor de História e especialista em História do Nordeste.
E-mail: prof_daniel.al@hotmail.com
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