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Caros amigos sejam bem vindos ao Blog Cuca Livre Um Jeito Diferente de Pensar. Aqui você pode ler, refletir, através do senso crítico opinar e também expor suas idéias.

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segunda-feira, 11 de junho de 2007

LIBERDUCAÇÃO

Pela causa

Em um dia desses, acordei logo cedo, escovei os dentes e joguei uns bocados no estomago e fui para o trabalho. Chegando lá, os meus alunos já estavam a minha espera para mais uma aula de ensino religioso. Nossa! Esses meninos gostam mesmo da escola, pensei. Já na aula conversamos sobre o porquê de existirem tantas religiões, sua utilidade e o papel fundamental dela na formação do cidadão. Terminada a aula nos dirigimos ao galpão onde rezamos e damos alguns avisos de atividades que seriam realizadas na escola durante aquela semana. Pronto! Voltamos pra sala novamente.

Porém, o que viria de fato a quebrar a rotina deste dia não era a visita da psicóloga a escola, a entrega dos livros didáticos, a visita do Papa ao Brasil, nem tão pouco uma inovação no cardápio da merenda da escola, era a extrema dificuldade de um aluno, um único aluno para escrever o seu nome.

Após o bom dia, a solicitação para que os meninos fizessem o cabeçalho escrito no quadro, a atividade proposta pelo livro e chamada diária, focalizei quase sem querer minha atenção em um aluno que com muita dificuldade realizava as atividades a serem escritas. Confesso que fiquei surpreso, confuso, triste e profundamente revoltado. Como podia aquela criança ter tanta dificuldade pra fazer o seu próprio nome, um requisito obrigatório pra crianças daquela série? Imaginei em seguida o porquê daquele aluno ser tão inquieto, não demonstrando interesse nas aulas e ser violento com os colegas. Literalmente ele era o último da classe.

Muitos programas como o SE LIGA, ACELERA e a EJA são degraus que tem nos ajudam a subir até o topo do pódio, sair da colocação dos países com maiores números de analfabetos. Essa medida atrai os investidores, os turistas cheios de grana e arrancam uns sorrisos e umas boas tapinhas nas costas nas reuniões da ONU.

Me pergunto será que são os programas anteriormente citados que carregam toda a culpa por não respeitar a realidade do alunado, utilizando imagens e falas que não lhes são peculiares, ou será que a imposição no tempo de cada aluno, no que se refere ao que se deve aprender em um estabelecido período de tempo?

Sinto-me responsável por cada uma dessas vidas, porque o que dizemos a elas em sala de aula pode não mudar as suas vidas, mas pode contribuir para tal fim. São meninos e meninas que carecem de nossa atenção, do nosso abraço, afeto e ensinamentos.

Sei o quanto é difícil à tarefa da educação, sei o quanto não somos respeitados, amados e pagos como deveríamos. O quanto é deficiente os recursos pedagógicos, os livros didáticos, a merenda, as escolas, os transportes escolares, mas também, sei o quanto padecemos de ignorância e resistência em nossa prática escolar e na sociedade em que estamos inseridos.

Somos desorganizados e pouco interessados nas questões que implicam melhorias dos nossos próprios salários, mas queremos que os nossos alunos sejam organizados em seus seminários. Sempre que alguém nos questiona sobre os rumos da educação em nosso cidade, estado e país, mencionamos que não temos nada com isso, mas, queremos que os nossos alunos sempre participem das nossas aulas-sacos, sem criatividade, sem atratividade e conteúdo capaz de manifestar qualquer utilidade para a vida prática.

As desculpas são sempre as mesmas, o salário, os recursos pedagógicos, os alunos, a família dos alunos, a política, a religião, enfim, qualquer coisa que sirva como justificativa será bem-vinda. Todavia, não podemos permitir que educadores descompromissados com as causas sociais, indivíduos que apenas visam o salário no final do mês, que se negam a ampliar os seus conhecimentos através da leitura, de palestras, cursos de extensões, etc, sejam responsáveis pela formação das nossas crianças.

Talvez, alguém pense nesse instante: - Só um! Ainda ta é bom! Não sei por que tanta ladainha só por causa de um aluno que não sabe escrever? A questão é muito séria! Precisamos pensar melhor em nossas práticas de ensino, na nossa contribuição na construção de uma comunidade envolvida com as questões políticas, econômicas e religiosas. Somos formadores de opiniões, compromissados com a ética e a moral decadente de nosso país. Na medida em que passamos bons valores como respeito ao idoso, na aceitação das pessoas que fizeram escolhas por religiões diferentes, como também, a não poluição o meio em que se vive, preservando a natureza, etc, estamos depositando valores que futuramente serão utilizados pelos alunos. Caso contrário o caos em nossa sociedade será inevitável.

Escrito por Daniel Ferreira

E-mail: prof_daniel.al@hotmail.com

A LUTA DE CADA UM

PAGU: O Anjo Anarquico


Pagu não tem modosTem Gênio...É o último produto de São Paulo...”

Raul Boop

Pagu é um pseudônimo, um dos muitos que teve Patrícia Galvão, nascida no interior do estado de São Paulo em 1910, aos 3 anos a família imigrou para a capital e foram morar no Brás (Bairro Operário), filha de empregado de fábrica e dona de casa.
O Brasil nesse momento vivia uma efervescência, ou melhor, o mundo: Estava acontecendo a 1ª Guerra Mundial, A Revolução Socialista na Rússia e em São Paulo a Modernização crescendo, a cidade se industrializando, operários e emigrantes estrangeiros fazendo greves pelos seus direitos e para não ficarem mais pobres e os ricos ficando mais rico com o café.
Esse contexto mexeu com a cabeça de muitos artistas, intelectuais a época que se viam dentro dessa São Paulo agitada, mas com uma mentalidade bastante arcaica e em 1922 fizeram a chamada Semana de Arte Moderna que foi um verdadeiro escândalo nas artes no Brasil, por que quebrava todos os conceitos de beleza e estética estabelecidos até então. Nessa época, a Pagu ainda era muito jovem, mais com uma personalidade inquieta sentia-se atraída por tudo isso.
Com muita dificuldade financeira iniciou o curso de normalista (ser professora ou operária eram as únicas profissões possíveis às mulheres). Nesse tempo, quase tudo era proibido às mulheres ditas decentes, nem pensar em pensar, sai sozinha jamais, trabalhar, votar, se divorciar e etc...
Ainda no curso normal, chocava a cidade com sua irreverência no vestir e em se comportar diferente de qualquer moça da época chegando a ser até motivo de chacota quando passava em frente a Faculdade de Direito (só para homens) por que não se identificava com nenhuma moça do curso normal, protestava tudo, fumava em publico e chamava palavrão.
Começou ainda como estudante a escrever para o jornal do Brás, onde denunciava a situação miserável dos trabalhadores das fábricas, iniciou também o conservatório de música onde foi aluna de Mario de Andrade (Organizador da tão comentada Semana de Arte Moderna de 1922). Nessa época, com 18 anos já fazia parte da roda intelectual paulistana, por intermédio de Mario de Andrade conheceu Oswald de Andrade (escritor casado com a famosa pintora Tarsila do Amaral). Pronto, estava no meio que gostava e sempre sonhou gente que pensava inteligente, ousadamente e diferente como ela. Conquistou a todos com sua maneira de ser ao ponto de ir morar na casa do casal Oswald e Tarsila, e desse convívio, Pagu e Oswald se apaixonam e passam a viver encontros secretos até que ela fica grávida e foi o maior drama: mulher solteira, grávida de homem casado e amiga da mulher! Para se sair dessa situação casou de fachada com o irmão de Tarsila, mas na viagem de lua de mel fugiu com Oswald e foram viver juntos no Espírito Santo.
Em 1930, entra para o Partido Comunista junto ao seu companheiro e vão viver juntos numa forte militância em prol do Socialismo e da construção de um mundo sem injustiças. Juntos começam a publicar um Jornal de cunho contestador e a policia acabou fechando. Em outras manifestações grevistas foi presa e depois de libertada, junto a Oswald passou a viver na clandestinidade, fugindo e militando às escondidas, foi nessa período que escreveu seu famoso livro: “Parque Industrial”. Tempos depois ela e seu companheiro passaram a viver muito distante, um no Rio de Janeiro, outro em São Paulo, militando, escrevendo artigos para jornais, fugindo e Ela sempre mais ativa do que Ele, deixou o filho para ele criar, pois estava como segurança armada das reuniões clandestinas do Partido Comunista. Em 1933, sua inquietação era tanta que partiu sozinha para conhecer o mundo e de onde estava se correspondia com vários jornais, nessas viagens conheceu muita gente, artistas famosos, entrevistou Freud (pai da psicanálise) e fez amizade profunda com Pu Yi o imperador da Manchúria, do qual recebeu em mãos sementes de feijão-soja que imediatamente enviou para o Brasil nas mãos do Ministro da Agricultura. Hoje a soja é um dos nossos granes produtos e só chegou aqui por causa dela é tanto que chama-se Soja-Pagu. Viajou a Rússia para conhecer de perto o “Socialismo” e se decepcionou um pouco devido o radicalismo de Joseph Stálin que conduzia arbitrariamente o sistema. Nem por isso desistiu, nunca deixou de acreditar na construção de um modelo mais justo, que deveria ser buscado longe do modelo de Stálin.
Em passagem pela França, é presa numa manifestação em Paris e devido ao Embaixador brasileiro, consegue retornar ao Brasil. Chegando aqui, Oswald já está casado novamente e seu filho já bem crescido.
Em 1935, um ano depois, acontece a tentativa de Revolução Socialista no Brasil, liderado pelo partido Comunista com o apoio Russo, o movimento muito infiltrado e mal estruturado acabou levando muitos para a prisão como o líder Luis Carlos Prestes, sua esposa Olga Benário que foi deportada para a Alemanha e morta na câmara de Gás, muitos mortos na tortura da policia e tudo isso só serviu para Getulio Vargas então presidente do Brasil instalar a Ditadura do Estado Novo que durou 8 anos.
Dos 25 anos aos 30, Pagu passou na cadeia, presa pelo que se chamava “crime político” e sua pior experiência foi ser torturada não só pela policia, mas também por companheiros do Partido só porque questionava e criticava ações da Cúpula. Saiu da prisão quase definhando, quando encontrou Geraldo Ferraz que passou a ser seu companheiro até sua morte.
Depois de recuperada, passou a trabalhar diariamente com a juventude na área cultural, afastou-se um pouco do Partido Comunista, não porque tinha abandonado suas idéias, mas por que achava que o Partido ainda estava muito dominado pelo Stalinismo Radical e sem abertura discursiva.
Fez amizade profunda com filho Rudá, que teve com Oswald e que tinha-o deixado criança com o pai. Hoje o seu filho Rudá de Andrade, nutre forte admiração e compreensão com a mãe que teve, “cheia de idéias, sonhos, ideais e muita garra”.
Em 1962, com 52 anos descobre-se vitima do câncer, luta muito contra a doença, mas acabou morrendo e deixando a certeza e a verdade de que: “Quem não finge, não nem mente, quem mais goza e pena é quem serve de farol”.

Escrito por: Kleber Henrique
E-mail: porf_kleber_henrique@hotmail.com


Vida e Arte: Arte do Povo

Nordeste Berço da Cultura Popular

“Abril de 1500, Cabral aporta em Porto Seguro na Bahia”. Na carta de Pero Vaz de Caminha isso foi bem mais celebrado, mas o que importa é que muita coisa começou aí. Primeiro foi embora a paz dos Índios, depois a mata e suas riquezas, depois os próprios índios. O ‘nobre povo’ português de mentalidade eurocêntrica e Católica da Inquisição conhecem os ‘selvagens’ e procuram educar a ‘barbárie’ através da imposição de valores, língua, religião e cultura, esquecendo que impor cultura através da força para explorar é a maior barbárie e selvageria.

Pouco mais tarde com todos os valores semi-impostos. Cada vez mais crescia e abria lacunas para novos meios de exploração e interesses burgueses. O Nordeste aos poucos gerava em seu ventre uma cultura própria, uma língua própria, uma religião própria carregada de misticismo, enfim uma identidade própria onde às raças se envolviam e teciam uma cultura rica, abundante e bela que florescia desde a batida das águas salgadas do litoral até as terras esturricadas do sertão.

A Elite econômica e dominadora com sua mentalidade ‘superior’ sempre quis se distanciar e se diferenciar do povo que explorava, pensado ser, ter e viver no Nordeste, mas sempre num patamar mais alto, era como que usar um artifício diferenciador de classes. Eles (os ricos) possuíam a ‘cultura erudita’, importada da Europa e o povo com sua cultura própria e única tinham o que eles chamavam com desdém cultura popular. Analisando os dias atuais vemos que essa mentalidade ainda está muito viva no meio social, através de pessoas que sem nenhum aporte cultural e que se encontram num estágio de total submissão ao que é imposto pela mídia, e pela comunicação de massas chegam a desprezar as manifestações folclóricas das diferentes regiões nordestinas. Esses escravos inconscientes da cultura de massa chegam mesmo a ridicularizar os poetas e cantores, artesãos e cordelistas, violeiros e embaladores de coco, literatos, escultores, cineastas e pintores que com sua simplicidade modelam sua obra prima sem que para isso tenham que ter passado por uma escola. Nesse meio você encontra repente, cordel, boi-bumbá, carnaval, festa de iemanjá, ciranda, adivinhação, maracatu e São João sem falar nas inúmeras manifestações cotidianas como: crenças, curandeirismo, culinária, medicina popular entre outras.

É preciso apagar este mito negativo com a cultura popular e esquecer de vez que “santo de casa não faz milagre” e dar o valor merecido e conhecer antes de condenar essas manifestações. Entre na alegria participe de festas populares veja um poeta declamar, um repentista cantar e duelar sinta o frevo, o maracatu e tenha orgulho de suas raízes. Recentemente tive a oportunidade de ouvir um poema “O Nome dos Poetas Populares” de Antonio Vieira recitado por Maria Bethânia em seu mais recente trabalho (o disco que tem por titulo: ‘Pirata’) onde ela mostra a importância de conhecer e preservar a Arte do Povo. Abaixo está o poema espero que cada leitor analise e reflita.

“A nossa poesia é uma só
Eu não vejo razão pra separar
Todo o conhecimento que está cá
Foi trazido dentro de um só mocó
E ao chegar aqui abriram o nó
E foi como se ela saísse do ovo
A poesia recebeu sangue novo
Elementos deveras salutares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo


Os livros que vieram para cá
O Lunário e a Missão Abreviada
A donzela Teodora e a fábula
Obrigaram o sertão a estudar
De repente começaram a rimar
A criar um sistema todo novo
O diabo deixou de ser um estorvo
E o boi ocupou outros lugares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo


No contexto de uma sala de aula
Não estarem esses nomes me dá pena
A escola devia ensinar
Pro aluno não me achar um bobo
Sem saber que os nomes que eu louvo
São vates de muitas qualidades
O aluno devia bater palma
Saber de cada um o nome todo
Se sentir satisfeito e orgulhoso
E falar deles para os de menor idade
Os nomes dos poetas populares”

Escrito por: Josias Albino e equipe Cuca Livre
E-mail: Josiasbad@hotmail.com

sábado, 9 de junho de 2007

Pensar é Causar

Faça como os passarinhos...

... comece o dia cantando. A música é alimento para o espírito.

Cante qualquer coisa, cante desafinado, mas cante!

Cantar dilata os pulmões e abre a alma para tudo de bom que a vida tem a oferecer.

Se insistir em não cantar, ao menos ouça muita música e deixe-se absorver por ela.

Ria da vida, ria dos problemas, ria de você mesmo.

Ria das coisas boas que lhe acontecem, ria das besteiras que você já fez.

A gente começa a ser feliz quando é capaz de rir da gente mesmo.

Ria abertamente para que todos possam se contagiar com a sua alegria.

Não se deixe abater pelos problemas.

Se você procurar se convencer de que está bem, vai acabar acreditando que realmente está e quando menos perceber vai se sentir realmente bem.

O bom humor, assim como o mau humor, é contagiante.

Qual deles você escolhe?

Se você estiver bem-humorado, as pessoas ao seu redor também ficarão e isso lhe dará mais força.

Leia coisas positivas.

Leia bons livros, leia poesia, porque a poesia é a arte de aceitar a alma.

Leia romances, leia a Bíblia, estórias de amor, ou qualquer coisa que faça reavivar seus sentimentos mais íntimos, mais puros.

Pratique algum esporte. O peso da cabeça é muito grande e tem de ser contrabalançado com alguma coisa! Você certamente vai se sentir bem disposto, mais animado, mais jovem.

Encare suas obrigações com satisfação.

É maravilhoso quando se gosta do que faz, ponha amor em tudo que está ao seu alcance.

Desde que você se proponha a fazer alguma coisa, mergulhe de cabeça!

Não viva emoções mornas, próprias de pessoas mornas.

Você pode até sair arranhado, mas verá que valeu muito mais a pena.

Não deixe escapar as oportunidades que a vida lhe oferece, elas não voltam!

Não é você quem está passando, são as oportunidades que você deixar de usufruir.

Nenhuma barreira é intransponível se você estiver disposto a lutar contra ela; se seus propósitos forem positivos, nada poderá dete-los.

Não deixe que seus problemas se acumulem, resolva-os logo.

Fale, converse, explique, discuta, brigue: o que mata é o silencio, o rancor.

Exteriorize tudo, deixe que as pessoas saibam que você as estima, as ama, precisa delas, principalmente em família. AMAR NÃO É VERGONHA, pelo contrário, É LINDO!

Volte-se para as coisas puras, dedique-se à natureza.

Cultive o seu interior e ele extravasará beleza por todos os poros.

Não tente, faça. Você pode!

Enviado ao Blog por: Arno Rochol (Diretor de projetos DW-AKADEMIE)

Aprendiz de Filosofia e Jornalismo (Alemanha)




sexta-feira, 8 de junho de 2007

Os Filhos Deste Solo


A Música Nordestina Ficou Órfã



Segunda-feira, 14 de maio de 2007, faleceu no Recife, no hospital português, Inês Caetano de Oliveira (71 anos), vitima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) que havia sofrido no ultimo dia cinco. Filha de um ex-cangaceiro do bando de lampião e de uma dona de casa. Nasceu em São Vicente Férrer PE, mas cresceu na Paraíba em Campina Grande. Desde criança se envolveu com música – o pai era seresteiro e a mãe, cantora de igreja. Tinha grande apreço por Luiz Gonzaga que ouvia pelo rádio.
Quando moça, Inês Caetano de Oliveira, participou de um programa de calouros numa rádio, acrescentou o Maria ao nome, para que seus pais não percebessem. O locutor, ao anunciá-la, chamou MARINÊS e foi assim que ela se consagrou como estrela e “grande mito da música nordestina”.
Casou-se com o famoso sanfoneiro Abdias e formou com ele seu primeiro grupo no inicio dos anos 1950, junto com o marido e o zabumbeiro Cacau, formou a patrulha de choque do Rei do Baião, tocando nas cidades onde Luiz Gonzaga iria se apresentar. Foi o próprio Gonzagão quem a batizou como a Rainha do xaxado.
Em 1956, gravou seu primeiro disco com o titulo: Marines e sua gente, e era assim que gostava de ser apresentada, como gente do povo e soube absorver tão bem as raízes mais características do mesmo. Marines merece admiração e respeito não só pela grande artista que foi, mas também pela grande mulher corajosa em enfrentar e vencer os preconceitos de uma época em que mulher artista não era bem vista. Essa maravilhosa audácia, levou o país a conhecê-la, reverenciá-la e respeitá-la, além de ter sido só após a passagem e consagração desta estrela é que vieram as outras (Elba Ramalho, Amelinha, Tânia Alves...) para completar a constelação que faz cintilar o céu do Brasil.
É lamentável para nós vicentinos, conterrâneos dessa grande dama da musica popular brasileira, não termos-na visto alegrar nossas festas populares e receber em vida o valor que merecia aqui, seu berço. É uma pena nossa cidade ser identificados apenas como a Terra da Banana, enquanto outras tão pequenas quanto a nossa, se orgulham e têm sua identificação maior em seu filhos. (ex. Conceição do Piancó PB – ‘terra de Elba Ramalho’, Santo Amaro da Purificação BA – ‘terra de Caetano Veloso e Maria Bethânia’, Paraopeba MG – ‘terra de Clara Nunes’ e etc.).
Tudo que fizermos agora em reparação a esses erros, será útil e importante, mas será póstumo, portanto sem vida. Mas como de tudo se tira lições e ensinamentos, é valido a partir de então, darmos mais atenção e valor a quem de fato contribui para o engrandecimento de nossa terra.
A equipe Cuca Livre, lamenta de em nossa primeira edição não termos mais em nosso meio Marinês – ‘O Luiz Gonzaga de Saias’, mas deixar registrado nossa admiração e fazer nossas as palavras do atual ministro da cultura Gilberto Gil: “O Brasil perdeu hoje sua rainha do forró, nossa querida Marinês, a primeira grande cantora nordestina que apareceu nos anos 50, inaugurando um ciclo de ouro da voz feminina na musica do Nordeste. Teve um papel extraordinário e com profundas raízes na alma do povo brasileiro. Era uma pessoa muito próxima, cativante, autêntica, casada com Abdias, um grande sanfoneiro do Nordeste e filha de cangaceiro. Fez do forró sua alforria para a criação plena, enfrentando todos os preconceitos com sorriso largo, intenso, firme e verdadeiro.
Com as bênçãos do mestre Gonzaga, que a ajudou a colocar a voz feminina de uma forma decisiva nas canções brasileiras,Marinês parte e deixa conosco o testemunho da força da mulher brasileira. Nossa Maria Bonita da musica Nordestina”. (05-05-07)

Equipe Cuca Livre: Daniel Ferreira, Josias Albino e Kleber Henrique.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Vento e Raiz


"As folhas caem das árvores para admirar sua beleza do chão" (Eu)

Deveria começar falando de saudade da vontade "cutucante" de voltar, mas que sentido teria? Bem melhor começar falando do vento, pois a raiz nunca se abala!
Eu via São Vicente como uma ilha cercada por um oceano de asfalto, cidades distantes, sonhos de concreto, objetivos e luzes de mercúrio... e hoje em pleno mar da metrópole meus olhos ainda não perderam de vista suas serras.Suas tardes são sonolentas e de certa forma entediante e de tão tranqüila nos deixa inquietos.Daí você vê o mundo e do mundo não consegue tirar os olhos de lá.

Eu a amo, detesto e sinto sua falta. Ela é uma mãe silenciosa que compreende o bem e sabe que manterá sempre vivo o elo quase umbilical entre ela e seus filhos. Suas ruas tortas e tristes sempre nos levam aos mesmos lugares, há sempre alguém tarde da noite na rua procurando (embora solitário) algumas doses de diversão. A partir de seus contrastes e suas cores repetidas começamos a elaborar a aquarela de nossas vidas.

Quando saí, além da bagagem levei meus sonhos mais fantásticos guardados cuidadosamente a sete chaves, porém pouco tempo depois descobri que as chaves nunca estiveram comigo... Hoje me surpreendo quando me pego fazendo planos para voltar... Sou hoje oposto de mim mesmo... Atualmente os fins de tarde que vejo não trazem os bons e velhos amigos, não trazem mais o violão, as músicas e as boas conversas da praça... Hoje as tardes são mastigadas pelo concreto, pelas grades... Pelos prédios.

Recordo saudoso e solitário meu tempo de "coletivo", meu tempo que não era meu, mas sim, nosso! Quando a noite apagava o dia a famosa "voltinha no C.E.R.U" era obrigatória e os papos etílicos transformavam-na em verdadeiras experiências psicodélicas(risos). Essa terra tem o dom de nos conservar crianças cheias de idéias e ideais para quando crescermos termos as condições cabíveis para o mundo ser nosso, e será... Será? Essa terra tem o dom de nos fazer judeus, ciganos, retirantes viajantes em busca de algo que se perdem no caminho e sempre nos inclina a olhar para traz com uma nostalgia lágrima no olhar... Quantos de seus filhos hoje gastam as solas dos sapatos ou envelhecem seus chinelos por ai a fora...? Uns com diploma, outros com fome mas sempre com vontade de vencer e acima de tudo de voltar e mostrar a garra que esse chão, essas serras e esse ar nos faz herdeiros.

Estar fora de São Vicente é como fazer uma viagem astral percorrer vários espaços e nos dar conta de que só há um lugar onde poderemos nos encontrar... Em nós mesmos!
Dedico esse texto a meus pais, sobrinhos, minhas professoras, bons e velhos amigos e todas as pessoas que um dia me desejaram bem e ainda desejam.
Paz, amor e empatia.

Escrito por Petronio (Thynho)
E-mail:Thynho-andrade@hotmail.com

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Brasil Mostra tua Cara

Quando a Raposa Sai da Toca

Pudemos assistir recentemente a visita do ilustríssimo Presidente dos Estado Unidos George W. Busch ao Brasil. A mídia sensacionalista e elitista veiculou como sempre de forma bastante festiva essa chegada do grande cultor da Hegemonia americana ao país do carnaval. Os veículos de comunicação, só mostraram mais os salamaleques cerimoniais do “Itamaratizão” como dizia Darcy Ribeiro, mais não se discutiu os bastidores dessa visita e o povão que não foram convidados pra essa festa pobre ficaram do lado de fora como sempre sem saber o porquê dessa festa no AP.

A pauta da visita não podia ser diferente: a busca de uma estratégia para desenvolver e comercializar conjuntamente uma fonte de energia alternativa ao petróleo, ou seja, o tão comentado Biodiesel.

Trocando em miúdos o que são esses tais de biodieseis? – São combustíveis vegetais, renováveis e limpos do ponto de vista ambiental, de natureza química, que substituem os combustíveis derivados do petróleo e que podem ser obtidos a partir da energia solar, por meio da fotossíntese das plantas. Bem, no Brasil já se produz há muito tempo o etanol (álcool) de cana de açúcar por metade do custo do álcool obtido do milho nos Estados Unidos e a um terço dos custos na Europa obtidos de beterraba.

Pois bem, sabemos que atualmente, a questão energética, tecnológica e ecológica, são o centro do poder mundial no séc. XXI e que os combustíveis fosseis (Petróleo) a cada dia escasseiam mais por que são finitos, levam bilhões de anos para se formarem e hoje as escassez de petróleo no mundo é a principal causa das guerras e intervenções norte-americanas no Oriente Médio, região que detém 80% do petróleo restante no planeta, e com os dias contados. Onde há petróleo (combustível do passado) os E.U.A invadem e se apropriam com sua capacidade Holiwoodiana de matar.

A visita já fica alarmante quando olhada pela via desses pormenores. Para saber que esse encontro entre os governos do Brasil e E.U.A, foi nocivo para nós, basta olhar o passado e ver que desde a Doutrina Monroe (A América para os Americanos, séc. XIX) que nunca conversamos em pé de igualdade com eles; não foi nem preciso ver pela TV políticos do Pefelê ou tucanos a beijar o anel da mão de Busch para perceber que essa visita só nos trazia desvantagens.

O Brasil por ser um país “Tropical abençoado por Deus e bonito por natureza” possui muitos sol e água, elementos essenciais, para fazer a terra brotar as plantas que produzirão o biodiesel, deferente dos E.U.A território frio e temperado impossibilitados de cultivar cana de açúcar, mandioca ou mamonas.

Há tempos atrás já se buscou a produção de energia por outros caminhos fora do petróleo (a alternativa da energia nuclear, muito cara e perigosa, quem não lembra da guerra fria?) e isso não é viável para os americanos tendo em vista o perigo terrorista, “os irmãos do norte” não são bobos, eles sabem que quem com muitas pedras bolem...

Surge agora no mundo o que podemos chamar de novo colonialismo energético, o que para os E.U.A é muito mas interessante, depois de nos dominar, expandir os latifúndios produtores das sagradas plantas da energia. Para uma nação tão poderosa economicamente, como é o caso da norte-americana, comprar nosso território é algo tão fácil como estalar os dedos. O saqueio do território brasileiro é simples para as multinacionais como a General Motors, Nascar, GM, Indy que estão todas excitadíssimas para tacar a mão no etanol dos trópicos, como também o nababo Bill Gates, com sua Ethanol Pacific, na Califórnia, está afim de comprar as terras de Mato Grosso e Goiás. Compradas as terras do país, o latifúndio está consolidado, e só produzirá a miséria dos pequenos proprietários e dos camponeses, até porque com o avanço tecnológico de hoje e principalmente dos americanos, as maquinas pouparão a mão-de-obra. A população sobrante, sem emprego só incharão as cidades provocando a miséria e a criminalidade. Desenvolveremos no Brasil o progresso dos outros.

No passado, as colônias estavam interessadas na multiplicação dos escravos e da mão-de-obra, hoje a palavra de ordem é a contenção da natalidade. Os gringos estão só interessados no sol e na água dos trópicos, mais não estão nem aí para existência do povo brasileiro. A estratégia do imperialismo norte-americanos é paparicar por enquanto o Brasil de Lula como uma colônia dócil e mimada, que quer dar as costas para a América Latina que a algum tempo tomou a posição esquerda-volver. O pior é que o Brasil diferente dos outros irmãos latino-americanos, não conseguiu desenvolver no seu povo um sentimento nativista, nacionalista e de auto-estima em sê-lo, e isso hoje ainda está mais longe de se construir, estamos na era da globalização ou melhor, da “globocolonização” a imposição cultural que deixa no pessoal da periferia de quatro diante dos E.U.A e não resistem porque o pensamento reinante é: “é impossível lutar contra os caras, eles são foda na guerra”, mais que guerra é essa que até agora o compadre Busch passeia aqui numa boa e ainda toma caipirinha.

Triste papel o do Brasil na América Latina, gigante bobão, dando as costas para os irmãos latinos , sonhando entrar no clube dos ricos.

Escrito por: Kleber Henrique

E-mail: prof_kleber_henrique@hotmail.com

P.S: uma semana após de ter escrito esse artigo, em conversa com a esposa de um rico executivo fiquei sabendo que 4 das maiores usinas de açúcar de Pernambuco, com uma quantidade fenomenal de terras foram vendidas a 4 empresas americanas. Esses acordos foram feitos por debaixo dos panos. Não poderei revelar o nome dos grupos envolvidos nesses acordos, tendo em vista não comprometer o emprego desse executivo.


UMAS PALAVRAS


ENTREVISTA


Pe José Vieira (São Vicente Férrer)
Data: 17/05/07
Local: Casa paroquial


Cuca livre
- Nos fale como e porque escolheu a vida sacerdotal como projeto de vida pessoal?

Pe Vieira - Olha eu escolhi esse estilo de vida sacerdotal porque a vocação sacerdotal é um chamado de Deus e a gente, não é pra todo mundo, só é padre aquele que foi chamado pelo alto. Eu escolhi esse estado de vida porque eu sempre gostei; eu sempre admirei a vida religiosa, por isso me decidi, me consagrei e hoje, estou com 16 anos como padre. Não me arrependo e nunca me arrependi minuto algum, nem me arrependerei. Continuarei sendo servo do Senhor como sacerdote atuando na igreja de Jesus Cristo.

Cuca livre - Vivemos atualmente em um mundo globalizado e urgente, onde as relações financeiras na maioria das vezes suplantam as relações inter-pessoais, na sua opinião qual o papel das igrejas nesse sentido?

Pe Vieira - É uma luta constante da igreja, desde o papa, desde os bispos, os padres, não é? Vem lutando através dessa libertação. Uma ação libertadora para poder resgatar numa sociedade moderna que nós estamos. Então é papel de cada pastor, daquele que está a frente do povo de Deus que o bem comum possa acontecer no meio de nós e o nosso povo precisa ser mais esclarecido.

Cuca livre - ainda refletindo sobre a atualidade. Uma das questões meio polêmicas em relação a opção pela vida eclesiástica é o celibato. Como o senhor vê o futuro da vida sacerdotal numa questão como esta mediante a mentalidade da juventude de hoje?

Pe Vieira - Bom, não é uma imposição o celibato para quem escolhe a vida sacerdotal, o rapaz ele tem o tempo todo de preparação para saber o que ele quer, não é uma imposição. Bispo nenhum colocou imposição em ninguém para se tornar padre, ele já vai pro seminário sabendo que vai ter que viver uma vida de abnegação.

Cuca livre - atitudes reflexivas hoje são meio raras. O homem vem perdendo aos poucos o costume de refletir em todos os aspectos religiosos, filosóficos, sociais etc. existe alguma possibilidade de resgatar o costume de refletir? Como?

Pe Vieira - Mesmo no mundo moderno, onde o homem se afastou de Deus, onde o homem não quer mais conhecer as ciências sejam elas religiosas. O filosofo que é um contemplativo, né? Viver a sua própria filosofia de vida, também no campo religioso, de refletir, de orar, de conhecer a palavra de Deus. É preciso que haja entre nós, que estamos à frente do rebanho, à frente de uma comunidade, ser um facho de luz para iluminar aqueles que estão envenenados pelo mundo moderno.

Cuca livre - A igreja católica está em festa. A visita do papa bento XVI ao Brasil, a canonização de Frei Galvão (1º santo brasileiro) o senhor como membro do clero católico, encara o pontificado do atual papa como um avanço ou um recuo da igreja?

Pe Vieira - É a continuação de João Paulo II não é? É um teólogo muito profundo, o Bento XVI, esta sua visita ao Brasil veio fortalecer cada vez mais a fé não só dos fieis, mas como dos pastores da igreja. Os bispos, arcebispos, cardeais aqui do continente e do e do Brasil, país latino-americano que ainda hoje estão reunidos em Aparecida (SP). Na 5ª Conferência do CELAN da igreja latino-americana. Então essa visita foi muito frutuosa, é muito frutuosa para o enriquecimento diante do crescimento das seitas de um mundo moderno e globalizado, onde as pessoas estão afetadas pela fumaça do mundo e se esquecendo de Deus. E a mensagem do papa, o tema da visita dele ao Brasil foi: discípulos e missionários de Cristo; ou a gente assume ou então a gente cruza os braços. É o convite que o santo padre fez a cada um de nós.

Cuca livre - Durante a visita do papa, além das festividades canônicas, algumas discussões foram suscitadas, principalmente pela juventude. Uma delas foi com relação ao uso da camisinha e o sexo antes do casamento, o que é alvo de muita polemica a posição contraria do papa. Nos apresente sua opinião.

Pe Vieira - Eu acho que a igreja é sabia, não é um fato dogmático em proclamar, mas é pelos estudos das sagradas escrituras e pelo magistério supremo da igreja, a igreja não faz nada sem a palavra, né? A palavra sem o Espírito Santo, que veio renovar.

Quanto à questão do uso das camisinhas, quanto à questão de se praticar o sexo antes do casamento, a igreja, mesmo neste mundo modernizado, nesse mundo onde não se reza mais, onde não se procura mais Deus, o povo, os nossos jovens, os jovens, estamos falando para os jovens. Que antigamente, eles se guardavam até o dia do casamento e hoje está uma aberração, hoje é um negócio de ficar. Fiquei com fulano, se deu certo tudo bem, se não deu isso, aquilo e aquilo outro. O caminho não é esse, o caminho é se conservar casto, porque o matrimonio é santo, o casamento é santo. Tem que se viver a santidade do matrimonio, mas no mundo de tantas inovações, nessa modernidade, o uso de camisinhas, de preservativos, outros pra não engravidar e etc, etc. a igreja é muito prudente em poder chamar a nossa atenção para que haja realmente uma consciência de uma vida cristã, assentada no pleno conhecimento da verdade.

Cuca livre - Vivemos num país riquíssimo em recursos naturais e ao mesmo tempo brutalmente desigual onde convivem a opulência de poucos em contraste com a miséria de muitos. Isso é o resultado de um passado de espoliação e um presente de desinteresse político. A igreja se proclama mensageira de Cristo e o propósito maior de Cristo foi estar ao lado do oprimido. Qual o papel social da igreja?

Pe Vieira - o papel social da igreja é lutar para que haja mesa farta. Haverá dia em que todos ao levantar a vista veremos nesta terra reinar a liberdade. Nós vivemos numa sociedade que é, já vem do passado e ainda hoje continua a pirâmide social com classe alta, média e baixa. Os pobres é a porção sobrante das injustiças, das desigualdades deste país, onde os nossos governantes dizem ser os nossos representantes, mas que o povo continua na mesma situação. E a igreja, ela tem o papel, além de anunciar a palavra, ser um evangelho vivo e está sempre ao lado da classe ou das classes sofredoras.

Cuca livre - O senhor como sacerdote desta comunidade, quais os projetos sociais que deseja realizar? O que precisa para torná-los reais?

Pe Vieira - Primeiro, a gente precisa de meio, se não chega meios, se não chega verbas, se não chega isso tudo, a gente prega amor, prega paz, prega caridade né? Eu já disse várias vezes em sermão ai na igreja que a gente prega tanto o amor e a caridade e até hoje a paróquia não tem nenhum trabalho social, o único trabalho social que se tem é a pastoral da criança. Pastoral da criança que não é um órgão daqui, mas que já vem de Brasília, isso, aquilo é aquilo outro e realizam um trabalho social no meio das mães pobres, empobrecidas, das crianças que passam necessidades. Então sempre almejei, mas não tenho recursos, não tenho meios, os meios não chegaram, não chegaram até mim. Então eu não posso realizar uma obra social, ter uma creche, ter um abrigo para idosos, ter isso e outras coisas. O que é que vamos fazer? É rezar e esperar pela bondade e misericórdia de Deus e que os homens compreendam e cheguem até nós.

Cuca livre - Em São Vicente Férrer. O que mais lhe alegra na comunidade? E o que mais lhe entristece?

Pe Vieira - (Pausa) Olhe quando eu fui transferido pra são vicente eu me alegrei, mesmo sem conhecer a realidade aqui de São Vicente. Quer dizer, muitas coisas aqui me alegram; o carinho a participação. Agora, o que é preciso é que a gente para mais e tome consciência do que nós precisamos fazer, ajustar mais haver um congraçamento entre nós para que possamos mostrar o rosto do nosso Deus na pessoa dos nossos irmãos pobres.

Cuca livre - cada um de nós é responsável pelo mundo. Na sua opinião, como podemos contribuir?

Pe Vieira - Primeiro, uma parada, uma tomada de consciência, numa busca de Deus, que sem ele nada podeis fazer, disse Jesus. O que é o homem sem Deus? Ele não é nada. Então, a gente só faz as coisas com Deus não é? Essa presença desse Deus que é pai, esse Deus que tem um rosto de mãe, materna, de mãe de para todos nós. Agente precisa fazer alguma coisa, contribuir para que o reino de Deus seja uma constante, seja uma realidade na vida desta comunidade de ou na vida dos nossos irmãos no mundo inteiro.

Bate-bola

Cuca livre: O mundo?

Pe Vieira: o mundo é belo.

Cuca livre: as pessoas?

Pe Vieira: também são importantes.

Cuca livre: uma tristeza?

Pe Vieira: quando a gente não faz o outro feliz.

Cuca livre: uma possibilidade?

Pe Vieira: de lutar para que haja igualdade entre nós.

Cuca livre: um gesto?

Pe Vieira: um gesto concreto, de ação concreta porque é muito fácil a gente dizer que ama, mas a gente não apresenta gesto concreto.

Cuca livre: uma palavra?

Pe Vieira: Deus.

Cuca livre: uma frase?

Pe Vieira: (Pausa) O amor é sublime.

Cuca livre: um sonho?

Pe Vieira: um mundo mais justo e humano.

VISTA DE UM PONTO

Mulher na Formação da Nova sociedade

A participação da mulher na sociedade tem “superado” os desafios que há séculos deixam-na em condição de vítima, resultado de uma sociedade machista, ou seja, um regime patriarcal, no qual, o poder, as decisões, os diretos estavam nas mãos dos homens. Neste regime, o objetivo principal era abortar a rebeldia dos dominados, no qual as mulheres sofriam as piores conseqüências, levando-as à uma submissão extrema.

Esses poderes concentrados nas mãos dos homens tornavam as mulheres vítimas de violência. Pois, conforme a sua raça era a sua utilização. As índias serviam como concubinas ou empregadas domésticas, as negras como escravas e para o prazer sexual, geralmente essas eram estupradas e as brancas pertencente a classe dominante era para ser esposa e mãe.

Inconformadas com as diferentes formas de opressão, por volta da metade e final do século XIX já se organizavam, lutando por participação na sociedade, onde muitas vezes viram negado o direito de serem cidadãs. Mas, não cruzaram os braços, com muita luta, suor, lágrimas, e sangue obtiveram várias conquistas –, embora, muitas delas não tiveram o privilégio de usufruir, mas sabiam que as futuras gerações iriam ter seus direitos. Hoje, nós estamos tendo este privilégio, devido as guerreiras, heroínas que não se acovardaram diante das opressões – entre essas vale destacar: o direito à educação; a redução da jornada de trabalho, participação nos esportes, a mulher casada passa a ter os mesmos direitos do marido no mundo civil, é livre para adotar ou não o sobrenome do marido,ocupam funções que antes eram exclusivas de homens, participação da mulher no mercado de trabalho, e recentemente a Lei 11.340/06 a (lei Maria da Penha).

Início do século XX foi à luta pela conquista do voto. No Brasil isso ocorreu na década de 30. Atualmente de eleitoras conquistaram o direito de serem candidatas. Portanto, neste setor é necessário avançar muito, pois o Brasil ocupa o 107º lugar da participação da mulher na política. Este espaço tem que ser conquistado a cada dia, no sentido de mais da metade do eleitorado brasileiro ser feminino, assim, faz necessária uma ampliação da presença da mulher na política com muita seriedade e determinação. Essas conquistas são apenas uma parte da longa estrada, muito ainda há de se caminhar.

A participação ousada por parte de muitas, que hoje estão em trabalhos diferenciados, tem suas conseqüências, onde a própria comunidade procura controlar seus passos. No entanto, diante do seu comportamento e suas ações são julgadas na maioria das vezes injustamente. Muitas, quando não suportam, ou não tem estrutura para enfrentar esses julgamentos cedem, e vêem suas esperanças reduzidas. As que se mantém, mostram a visão de mundo que se encontram e a sua importância de estar envolvida na sociedade, mantendo-se firme diante de suas atitudes.

O desafio de se encontrarem no mercado de trabalho só tem contribuído para que as mulheres se sensibilizem para o crescimento profissional, e sejam reconhecidas em seu próprio lar. No entanto, para que estas conquistas se mantenham, é necessária a importância de valorização da formação, objetivando a qualificação na perspectiva de serem valorizadas em relação a seus rendimentos, proporcionando de fato sua independência financeira e autonomia como pessoa.

Assim, em busca de crescer em todos os sentidos com sua participação efetiva em todos os seguimentos da sociedade, a mulher hoje inserida nas novas relações profissionais, continua persistente, derrubando as barreiras, lutando por políticas públicas que atendam a todas as mulheres. Estas lutas – se faz necessário que sejam no dia-a-dia, na família, no bairro, no trabalho, no sindicato, contribuindo de fato para o desenvolvimento da política de gênero, – voltadas para um comprometimento para as mudanças na construção de uma nova sociedade.

Escrito por: Zilma Maria

E-mail: Zilma_prof@hotmail.com

Professora e Sindicalista