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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Vista de Um Ponto

CONSCIÊNCIA DE CORES...


Sabemos que a lei Nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. Lembremos que a mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Desta forma, com a implementação dessa lei, o governo brasileiro busca contribuir para o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

A escolha dessa data não ocorreu por acaso. Tudo nos faz lembrar a história: em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares - foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo dos Palmares.

Essa história, entre tantas outras que relatam as lutas pela libertação dos escravos, é muito mal contada nas escolas brasileiras. O passado do povo negro raramente é visto através da perspectiva de seus protagonistas. Num país cujo cotidiano é fortemente influenciado pela cultura africana, e onde 46% da população é de origem negra (segundo dados do IBGE), nada se ensina sobre a História da África. Em relação à abolição da escravidão, por exemplo, a historiografia oficial dos livros didáticos sustenta que a grande redentora dos negros foi princesa Isabel – herdeira da coroa de Dom Pedro II, Imperador do Brasil – ao assinar a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, declarando extinta a escravidão no Brasil.
David Santos, coordenador da Educafro, uma organização não-governamental voltada à educação de jovens descendentes de africanos, sustenta que a lei Áurea "não passa de uma farsa", pois, quando foi assinada, "só 5% do povo negro viviam sob regime de escravidão".

Historiadores contemporâneos mostram que a abolição da escravatura foi, na verdade, um processo longo, difícil, repleto de lutas e resistências, mas que, em determinado momento histórico, tornou-se inevitável – o nascimento do capitalismo liberal brasileiro, sob forte influência inglesa, via o sistema de produção escravocrata como um obstáculo ao seu pleno desenvolvimento.
A liberdade dos negros tampouco foi acompanhada de sua inclusão social. Os ex-escravos foram deixados à sua própria sorte em uma sociedade fundamentalmente racista. Muitos preferiram continuar a fazer os mesmos serviços a troco de comida, e até hoje os descendentes dos escravos são, em sua maioria, marginalizados, discriminados e excluídos das atividades sociais e culturais. A pesquisa "Mapa da População Negra no Mercado de Trabalho", realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE) em 1998, mostrou "indicadores sistematicamente desfavoráveis aos trabalhadores negros". De acordo com esse estudo, por exemplo, em Salvador, estado da Bahia, os negros são 86,4% dos desempregados. No Distrito Federal, onde se localiza Brasília — a capital do país — a porcentagem chega a cerca de 68%. Mesmo assim, até hoje o 13 de maio — data da assinatura da lei Áurea — ainda é oficialmente comemorado como a dia da libertação dos escravos

Comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura histórica chamada ZUMBI. Não somente a imagem do líder, como também sua importância na luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888.

Embora seja incontestável ser a cultura européia a mais consolidada nas Ciências , nas Artes e na Filosofia, o estudante brasileiro precisa ter acesso qualificado à cultura africana para representar-se como cidadão brasileiro.

Devemos lembrar que não somos descendentes de escravos, mas de reis e rainhas da África. Aqui é que nos tornamos escravos. Essa história tem de ser contada, tem de estar nos livros dos nossos filhos, para termos orgulho de andar nas ruas, com a cabeça erguida, e de dizer que, quem construiu este País, foram os afro-descendentes. As outras etnias que vieram para cá receberam dinheiro. Nós recebemos chibatadas.

O secular preconceito ao negro como resultado da situação de inferioridade na relação de poder imposta pelo escravismo de história recente, faz com que todos, de qualquer etnia e classe social optem preferencialmente por identificarem-se com a cultura européia .

Os movimentos que tratam da defesa dos direitos das pessoas negras vêm contribuindo para o aumento da auto estima e conseqüente inclusão das mesmas no meio social .

A tendência etnocêntrica de considerar o negro como inferior indica a permanência do pensamento raciológico europeu dos séculos XVII e XIII que tem em Hegel um dos seus representantes por considerar o negro como o mais inferior de todos os tipos humanos , assim como , à época , as ciências biológicas consideravam as mulheres menos inteligentes do que os homens e a Criminologia, com Lombroso , admitiam que através do tipo físico podia-se reconhecer um criminoso . Quanto sofrimento foi evitado com o avançar da ciência , sobretudo nas sociedades e grupos humanos que têm acesso às informações e delas querem e podem usufruir. Lembremos que RAÇA não é uma verdade científica, mas uma construção da cultura de cada país.

Escrito por: Elias Monção

Professor Universitário de História

E-mail: eliasmoncao@bol.com.br

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