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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Brasil Mostra Tua Cara

Cotas: Inclusão ou Discriminação?


Desde o início do Governo Lula que se fala em política de compensação, em sistema de cotas para negros e pardos nas universidades. De lá pra cá, tornou-se polêmica nacional, colocando na mesa dos brasileiros o tema da discriminação racial.

O Brasil é um dos países mais miscigenados do mundo, muitos chegam a dizer que por ser tão miscigenado não existe preconceito racial, se bem que até a própria ciência já descartou o conceito de raça, definindo que existe apenas uma raça - a raça humana. Mas será que existe “democracia racial” no Brasil? Será que nos entendemos como povo miscigenado e não fazemos separação usando o critério da cor da pele?

De acordo com pesquisas feitas em torno de racismo, presenciamos dados que envergonham. O Brasil é o segundo maior país com população negra, e se pararmos para fazer uma analise de como anda o mercado de trabalho para absorver essa parcela, daí tiraremos a conclusão de que chega a ser até infantil negar que a população afro-descendente sofre os terríveis efeitos de um processo histórico herdado da escravidão. Segundo a FASE (Federação para Assistência Social e Educacional de São Paulo) a possibilidade de um negro entrar na universidade é de 18%, enquanto para os brancos é de 43% Outro dado importante é que, segundo o IBGE, em relação à qualidade de vida da população, o Brasil ocupa a 63ª posição no mundo. Considerando-se a população negra, o Brasil fica na 120ª posição mundial, ressaltando com isso à diferença entre os níveis de vida da população branca e da população negra. Isso porque a Elite brasileira é na maioria brancos.

Os principais alvos para o sistema de cotas na universidade são os estudantes do ensino médio das escolas públicas e particulares, as cotas garantem 50% das vagas para os jovens que estudam na rede pública e que por serem vitimados por um processo de exclusão típica do sistema capitalista, não dispõem de tempo nem de recursos suficientes para estudar. Muitas vezes, além de enfrentar um sistema educacional sucateado, ainda tem que organizar suas atividades de estudo e trabalho, tendo, portanto um rendimento inferior a quem só dedica seu tempo ao estudo. No meio dessa parcela que as cotas se propõem atender, encontra-se o negro excluído da maioria das políticas públicas, e isso como todos sabem, é uma herança do processo histórico da formação do país, além de ainda ser vitimado pelos inúmeros preconceitos.

Por se falar em preconceito, há quem defenda que a cota é mais uma discriminação à inteligência do povo negro ou que é uma piedade das elites para com o negro, ou que está rotulando as pessoas, enfim, toda sorte de críticas. Diante de tantas posições contrárias que encontrei em torno dessas benditas cotas nas universidades, perguntei-me por inúmeras vezes: O que é melhor pra o negro? Sofrer discriminações dentro das universidades por terem sido admitidos pelo sistema de cotas ou estarem fora sendo também discriminados e sem nenhuma oportunidade de formação continuada? Será que esse indivíduo, depois da formação não será mais um agente de transformação social? Será que um cidadão graduado não está munido de mais embasamento para lutar por seus direitos perante a sociedade?

A educação deveria ser de ótima qualidade e o acesso estendido à todos os brasileiros sem exceção, e é um dever de todos nós lutarmos pra um dia chegarmos a isso, mas não podemos esperar que primeiro o sistema mude para poder incluir os vitimados do sistema econômico, político e social. Não pretendo fazer apologia a nenhum partido político nem muito menos ao governo Lula por essa meta estabelecida, mas no ponto de vista avalio o sistema de cotas como um caminho viável para a inclusão principalmente dos negros, pardos e índios que sempre ficaram a margem dos projetos políticos até então.

Reconhecer que no Brasil existe preconceito já foi um grande passo para a luta por mudanças, e isso se deve à luta dos movimentos negros. Dizer que o descendente negro, que segundo pesquisas é o que mais sofre com o sistema social do país encontra-se em pé de igualdade com o “filhinho de papai” que fez curso de língua estrangeira ainda criança e cursinho pré-vestibular, para concorrer à vagas na universidade, será que o discurso da elite não é esse? Será que afirmar que temos oportunidade de concorrer igualmente não é mais um reviver da elitista “Teoria da Democracia Racial” do senhor Gilberto Freyre que por sinal era descendente da casa-grande e não da senzala?

Escrito por Josias Albino

Técnico em Informática

E-mail: josiasbad@hotmail.com

4 comentários:

Anônimo disse...

Camarada Josias(já aderi ao termo de vocês, se bem que esse foi o termo usado por muitos que já lutaram nesse país)
Um amigo de Kleber me indicou o blog de vocês,rapaz fica difícil a gente selecionar a edição melhor, pois cada vez fica gradativo o crescimento da qualidade .
dê uma olhadinha no blog, pois pra deixar esse comentário eu tive que clicar como anônimo, do outro jeito não foi possível.Me chamo RAfael.
concordo em gênero ,número e grau com seu texto e achei super inteligente vc ter abordado a idéia do preconceito com a política de cotas como mais uma articulação da elite pra barganhar o acesso do negro que sofre discriminação dentro ou fora da faculdade.
muito bom, bola pra frente! a luta de hoje é muito grande, falta tudo e o começo é mudar as cabeças!

Anônimo disse...

pow...
axo assimmmmm...



q o sistema d cotas eh so +uma forma de dividir o povo brasileirooooo...


pq em vz d cota etnica num s faz uma cota d POBRE???

Anônimo disse...

CARO JOSIAS
DEPOIS DE SEU TEXTO, PASSEI A OLHAR ESSAS BENDITAS COTAS DE UMA FORMA MELHORZINHA. MINHA VISÃO ERA BEM FECHADA COM RELAÇÃO AO TEMA, OLHAVA COMO PURA DISCRIMINAÇÃO E THAU. DEPOIS DE TE LAR, PASSEI A VER POR MAIS ESSE ÂNGULO LÓGICO. GOSTEI MUIIIIITOOO DO JORNAL DE VOCÊS E DIGO: SÃO VICENTE FERER, EMBORA SENDO UM CONFIM, ESTÁ MUITO ADIANTE DE OUTRAS CIDADES QUE SEQUER NINGUÉM NEM ESCREVE. ADOREI!! BRAVO!!
EDNA BARRETO - MINAS

Anônimo disse...

PROF. JOSIAS
GOSTEI MUITO MESMO DO TEU TEXTO, ACHEI CORAJOSO VOCÊ DEIXAR SEU POSICIONAMENTO BEM CLARO E APRESENTAR ARGUMENTOS SEGUROS PARA VALIDAR SUA POSIÇÃO.
ACHEI VOCÊS POR INDICAÇÃO DE UMA PESSOA DAQUI DE GOIANA.
O QUE EU CONSIDERO MELHOR NO JORNAL TODO É A DIFERENÇA E A QUALIDADE CULTURAL, TEM TUDO!
SÃO VICENTE ESTÁ DE PARABÉNS, AQUI QUE É MUITO MAIOR NÃO TEM COISAS NESSE NÍVEL.
A MAIORIA DOS JORNAIS DO BRASIL SÓ TEM NOTÍCIAS, MAS REFLEXÃO MUITO POUCA.FALTA DEBATE, FALTA POSIÇÃO, FALTA REFLEXÃO, POR ISSO ESSA DESGRAÇA!!!!
TARCÍSIO ANDRADE