Qual a melhor coisa a ser feita?
“A ignorância é o único mal”, como já dizia o velho e grande Sócrates. A ignorância mesmo sendo gritante muitas vezes passa despercebida entre nós. Ela permanece presente, invisível, verdadeira transparente e obscura em nós, no que se refere às crendices e nossos posicionamentos pra vivermos e agirmos no mundo. Vez por outra é que temos uma duvidazinha sobre alguma coisa, mas isso aí já é uma outra história. Manifestar dúvidas é diferente de ser ignorante, de não portar conhecimentos. Acredito que no instante da dúvida descobrimos o quanto somos ignorantes, falhos, supersticiosos e injustos. Na dúvida nos tornamos inimigos de nossas ditas verdades, as quais passam a ser questionadas, por nos mesmos. O medo passa a controlar a situação que possivelmente nos conduzirá a verdade. Todavia, OS NOVOS remédios, roupas, profissões, pessoas, idéias, escolhas, lugares, etc., estimulam o surgimento das sensações de espanto ou admiração em nós, uma vez que, não sabemos se este novo será tão eficiente ou pior como o antigo. O fato é que ninguém vive sua existência inteira em cima do muro. Precisamos nos posicionar. Ninguém é capaz de adorar a dois senhores por muito tempo. Há uma necessidade em nós humanos que é a de confiar nas coisas e nas pessoas, de acreditarmos que as coisas são iguais como as percebemos. Isso nos proporciona segurança, conforto e felicidades. Ser “DE VERDADE” é ou “DE MENTIRA”, causa muitas inquietações no universo da criança, que é extremamente sensível às mentiras dos adultos, até porque as mentiras inventadas pelos adultos são diferentes do “DE MENTIRA” das crianças. A criança não fica triste ou desiludida com o seu faz-de-conta, pois sabe que é a sua criação, são seus sonhos incorporados em galhos de madeira, recortes ou rabiscos em folha de papel ou pedaços de sandálias os quais se transformam em pneus de carrinhos de lata, são os adultos que as decepcionam, as deixam sem vontade de não mais sonhar, voar nas asas da imaginação, por causa da sua grande e tola invenção dos adultos chamada MENTIRA. Nos jovens essa droga (MENTIRA) causa reações menos nocivas se comparadas com a capacidade lúdica das crianças, porém, o contato com essa “substância” provoca o surgimento de seres revoltados, decepcionados e raríssimos revolucionários.
Tenho me perguntado com uma freqüência mais acentuada sobre o perfil de nossos jovens alunos daqui a alguns anos quando tomarem do conhecimento que dissolve o discurso dos infectados pela “SÍNDROME DA PERMANÊNCIA”, dos “CONTRATOS TEMPORÁRIOS DO SILÊNCIO” e do “FALAR ABERRAÇÕES PELAS COSTAS E DAR A VIDA NA SUA FRENTE”. Sem sombra de dúvidas uma dessas correntes irá em breve imperar, mas o que não podemos esquecer é que o número de jovens vítimas desses discursos é muito grande. Isso pode desencadear a longo ou curto prazo um dos maiores confrontos de cunho ideológico da nossa comunidade. É o discurso bem longe das práticas que tornam o indivíduo realmente inserido na sociedade são profissionais que apenas servem, pensam sozinhos, aceitam; não se organizam enquanto classe, não estudam como deveriam, falam mal dos colegas de trabalho e ainda utilizam o discurso de bom pastor.
Se os jovens de nossa comunidade assimilarem a idéia de que ser contraditório, injusto e infiel é a maneira mais eficiente de se chegar a uma determinada função, questiono se é a máquina que estimula essa prática suporte. Em contrapartida surge um novo grupo, sinceramente não sei nem se deveria chamá-los de novo, porque os assaltantes são tão antigos quanto os ricos. Estes, não vivem dos espólios oferecidos em épocas de campanhas eleitorais, nem das migalhas dos projetos federais que mais contribuem com as permanências do que com soluções em definitivo. Realmente, não acreditam mais em discursos, pois já foram discriminados demais por conta de suas roupas, da cor de sua pele, de sua situação econômica e da localização de suas habitações. São sempre os últimos. A verdade é que são frutos da desigualdade social que também existe em nossa região, da falta de compromisso no gerenciamento do dinheiro público que não promove a vivência satisfatória de seus munícipes, culminando em um fluxo quase que constante de assaltos e na saída da cidade de muitos jovens que concluem o Ensino Médio e o Curso Normal Médio em busca de trabalho, como também, a disseminação do capitalismo infectando as pessoas com o vírus do individualismo, da sensação de felicidade a partir da aquisição de bens de consumo, entrelaçada a ausência de estrutura familiar e a crise existencial por falta de amor, identidade própria e falência de conceitos como ética e moral. Dia após dia esse quadro se intensifica, e o que é pior é que estamos criando calos em nossos sentidos. Já não nos compadecemos mais com as dificuldades enfrentadas pelos nossos irmãozinhos, na maioria das vezes até nos alegramos com a sua tristeza. Dizemos até que ele está pagando por alguma coisa que fez nos passado. Ora, se Deus ou sei lá o quê fosse nos castigar por tudo o que fazemos de errado, certamente já haveríamos sido consumidos. A verdade é que existem muitos problemas acontecendo simultaneamente em nosso município e eles precisam ser discutidos e analisados desde sua essência, para entendermos o porquê de tais acontecimentos.
É preciso que um cano estourado quase esvazie o açude, atrapalhe o trânsito, arraste até mesmo o lixo com a força da água para o centro da rua ou então vire um “Piscinão de Ramos”, para que alguém se sinta incomodado, incomode outra pessoa, para só então causar uma polêmica entre os moradores e tomar as providências necessárias. É preciso que os artistas de nossa cidade passem dessa dimensão para o mundo dos mortos para só então receberem cultos, vivas, reverência e a crendice de que eles eram realmente importantes enquanto estiveram vivos. É preciso que um homem considerado doente pelos próprios familiares – precisava de cuidados médicos - atinja pelas costas de forma brutal e traiçoeira um jovem trabalhador, para só então tomarem as providências.
Estaríamos ignorando os fragmentos de verdades que culminam com os fatos? Sendo indolentes em nossas responsabilidades? Será que nossos sentidos estão com tantos calos que nem nos incomodamos com a nossa própria dor? Você ainda pode fazer alguma coisa pela sua cidade? Agora, só resta saber se terá coragem pra dar o primeiro passo...
Escrito por: Daniel Ferreira
Professor de História e especialista em História do Nordeste
E-mail: prof_daniel.al@hotmail.com
Tenho me perguntado com uma freqüência mais acentuada sobre o perfil de nossos jovens alunos daqui a alguns anos quando tomarem do conhecimento que dissolve o discurso dos infectados pela “SÍNDROME DA PERMANÊNCIA”, dos “CONTRATOS TEMPORÁRIOS DO SILÊNCIO” e do “FALAR ABERRAÇÕES PELAS COSTAS E DAR A VIDA NA SUA FRENTE”. Sem sombra de dúvidas uma dessas correntes irá em breve imperar, mas o que não podemos esquecer é que o número de jovens vítimas desses discursos é muito grande. Isso pode desencadear a longo ou curto prazo um dos maiores confrontos de cunho ideológico da nossa comunidade. É o discurso bem longe das práticas que tornam o indivíduo realmente inserido na sociedade são profissionais que apenas servem, pensam sozinhos, aceitam; não se organizam enquanto classe, não estudam como deveriam, falam mal dos colegas de trabalho e ainda utilizam o discurso de bom pastor.
Se os jovens de nossa comunidade assimilarem a idéia de que ser contraditório, injusto e infiel é a maneira mais eficiente de se chegar a uma determinada função, questiono se é a máquina que estimula essa prática suporte. Em contrapartida surge um novo grupo, sinceramente não sei nem se deveria chamá-los de novo, porque os assaltantes são tão antigos quanto os ricos. Estes, não vivem dos espólios oferecidos em épocas de campanhas eleitorais, nem das migalhas dos projetos federais que mais contribuem com as permanências do que com soluções em definitivo. Realmente, não acreditam mais em discursos, pois já foram discriminados demais por conta de suas roupas, da cor de sua pele, de sua situação econômica e da localização de suas habitações. São sempre os últimos. A verdade é que são frutos da desigualdade social que também existe em nossa região, da falta de compromisso no gerenciamento do dinheiro público que não promove a vivência satisfatória de seus munícipes, culminando em um fluxo quase que constante de assaltos e na saída da cidade de muitos jovens que concluem o Ensino Médio e o Curso Normal Médio em busca de trabalho, como também, a disseminação do capitalismo infectando as pessoas com o vírus do individualismo, da sensação de felicidade a partir da aquisição de bens de consumo, entrelaçada a ausência de estrutura familiar e a crise existencial por falta de amor, identidade própria e falência de conceitos como ética e moral. Dia após dia esse quadro se intensifica, e o que é pior é que estamos criando calos em nossos sentidos. Já não nos compadecemos mais com as dificuldades enfrentadas pelos nossos irmãozinhos, na maioria das vezes até nos alegramos com a sua tristeza. Dizemos até que ele está pagando por alguma coisa que fez nos passado. Ora, se Deus ou sei lá o quê fosse nos castigar por tudo o que fazemos de errado, certamente já haveríamos sido consumidos. A verdade é que existem muitos problemas acontecendo simultaneamente em nosso município e eles precisam ser discutidos e analisados desde sua essência, para entendermos o porquê de tais acontecimentos.
É preciso que um cano estourado quase esvazie o açude, atrapalhe o trânsito, arraste até mesmo o lixo com a força da água para o centro da rua ou então vire um “Piscinão de Ramos”, para que alguém se sinta incomodado, incomode outra pessoa, para só então causar uma polêmica entre os moradores e tomar as providências necessárias. É preciso que os artistas de nossa cidade passem dessa dimensão para o mundo dos mortos para só então receberem cultos, vivas, reverência e a crendice de que eles eram realmente importantes enquanto estiveram vivos. É preciso que um homem considerado doente pelos próprios familiares – precisava de cuidados médicos - atinja pelas costas de forma brutal e traiçoeira um jovem trabalhador, para só então tomarem as providências.
Estaríamos ignorando os fragmentos de verdades que culminam com os fatos? Sendo indolentes em nossas responsabilidades? Será que nossos sentidos estão com tantos calos que nem nos incomodamos com a nossa própria dor? Você ainda pode fazer alguma coisa pela sua cidade? Agora, só resta saber se terá coragem pra dar o primeiro passo...
Escrito por: Daniel Ferreira
Professor de História e especialista em História do Nordeste
E-mail: prof_daniel.al@hotmail.com
Um comentário:
Ta ótimo só falta acrescentar mais sobre nossos vultos históricos como Pedro Pereira Guedes, José Nilo, Miguel Ramos. e outros que estão sendo esquecidos...
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