Sejam Bem vindos

Caros amigos sejam bem vindos ao Blog Cuca Livre Um Jeito Diferente de Pensar. Aqui você pode ler, refletir, através do senso crítico opinar e também expor suas idéias.

A Direção Cuca Livre agradece sua visita ao blog!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

LIBERDUCAÇÃO

Pela causa

Em um dia desses, acordei logo cedo, escovei os dentes e joguei uns bocados no estomago e fui para o trabalho. Chegando lá, os meus alunos já estavam a minha espera para mais uma aula de ensino religioso. Nossa! Esses meninos gostam mesmo da escola, pensei. Já na aula conversamos sobre o porquê de existirem tantas religiões, sua utilidade e o papel fundamental dela na formação do cidadão. Terminada a aula nos dirigimos ao galpão onde rezamos e damos alguns avisos de atividades que seriam realizadas na escola durante aquela semana. Pronto! Voltamos pra sala novamente.

Porém, o que viria de fato a quebrar a rotina deste dia não era a visita da psicóloga a escola, a entrega dos livros didáticos, a visita do Papa ao Brasil, nem tão pouco uma inovação no cardápio da merenda da escola, era a extrema dificuldade de um aluno, um único aluno para escrever o seu nome.

Após o bom dia, a solicitação para que os meninos fizessem o cabeçalho escrito no quadro, a atividade proposta pelo livro e chamada diária, focalizei quase sem querer minha atenção em um aluno que com muita dificuldade realizava as atividades a serem escritas. Confesso que fiquei surpreso, confuso, triste e profundamente revoltado. Como podia aquela criança ter tanta dificuldade pra fazer o seu próprio nome, um requisito obrigatório pra crianças daquela série? Imaginei em seguida o porquê daquele aluno ser tão inquieto, não demonstrando interesse nas aulas e ser violento com os colegas. Literalmente ele era o último da classe.

Muitos programas como o SE LIGA, ACELERA e a EJA são degraus que tem nos ajudam a subir até o topo do pódio, sair da colocação dos países com maiores números de analfabetos. Essa medida atrai os investidores, os turistas cheios de grana e arrancam uns sorrisos e umas boas tapinhas nas costas nas reuniões da ONU.

Me pergunto será que são os programas anteriormente citados que carregam toda a culpa por não respeitar a realidade do alunado, utilizando imagens e falas que não lhes são peculiares, ou será que a imposição no tempo de cada aluno, no que se refere ao que se deve aprender em um estabelecido período de tempo?

Sinto-me responsável por cada uma dessas vidas, porque o que dizemos a elas em sala de aula pode não mudar as suas vidas, mas pode contribuir para tal fim. São meninos e meninas que carecem de nossa atenção, do nosso abraço, afeto e ensinamentos.

Sei o quanto é difícil à tarefa da educação, sei o quanto não somos respeitados, amados e pagos como deveríamos. O quanto é deficiente os recursos pedagógicos, os livros didáticos, a merenda, as escolas, os transportes escolares, mas também, sei o quanto padecemos de ignorância e resistência em nossa prática escolar e na sociedade em que estamos inseridos.

Somos desorganizados e pouco interessados nas questões que implicam melhorias dos nossos próprios salários, mas queremos que os nossos alunos sejam organizados em seus seminários. Sempre que alguém nos questiona sobre os rumos da educação em nosso cidade, estado e país, mencionamos que não temos nada com isso, mas, queremos que os nossos alunos sempre participem das nossas aulas-sacos, sem criatividade, sem atratividade e conteúdo capaz de manifestar qualquer utilidade para a vida prática.

As desculpas são sempre as mesmas, o salário, os recursos pedagógicos, os alunos, a família dos alunos, a política, a religião, enfim, qualquer coisa que sirva como justificativa será bem-vinda. Todavia, não podemos permitir que educadores descompromissados com as causas sociais, indivíduos que apenas visam o salário no final do mês, que se negam a ampliar os seus conhecimentos através da leitura, de palestras, cursos de extensões, etc, sejam responsáveis pela formação das nossas crianças.

Talvez, alguém pense nesse instante: - Só um! Ainda ta é bom! Não sei por que tanta ladainha só por causa de um aluno que não sabe escrever? A questão é muito séria! Precisamos pensar melhor em nossas práticas de ensino, na nossa contribuição na construção de uma comunidade envolvida com as questões políticas, econômicas e religiosas. Somos formadores de opiniões, compromissados com a ética e a moral decadente de nosso país. Na medida em que passamos bons valores como respeito ao idoso, na aceitação das pessoas que fizeram escolhas por religiões diferentes, como também, a não poluição o meio em que se vive, preservando a natureza, etc, estamos depositando valores que futuramente serão utilizados pelos alunos. Caso contrário o caos em nossa sociedade será inevitável.

Escrito por Daniel Ferreira

E-mail: prof_daniel.al@hotmail.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá direção do Cuca Livre vocês estão de parabéns pelo Jornal quer dizer pela Publicidéia, pena que São Vicente Férrer não esteja peparada pra essas atitudes. desejo a vcs muito sucesso. vcs tem muita coragem.