"As folhas caem das árvores para admirar sua beleza do chão" (Eu)
Deveria começar falando de saudade da vontade "cutucante" de voltar, mas que sentido teria? Bem melhor começar falando do vento, pois a raiz nunca se abala!
Eu via São Vicente como uma ilha cercada por um oceano de asfalto, cidades distantes, sonhos de concreto, objetivos e luzes de mercúrio... e hoje em pleno mar da metrópole meus olhos ainda não perderam de vista suas serras.Suas tardes são sonolentas e de certa forma entediante e de tão tranqüila nos deixa inquietos.Daí você vê o mundo e do mundo não consegue tirar os olhos de lá.
Eu a amo, detesto e sinto sua falta. Ela é uma mãe silenciosa que compreende o bem e sabe que manterá sempre vivo o elo quase umbilical entre ela e seus filhos. Suas ruas tortas e tristes sempre nos levam aos mesmos lugares, há sempre alguém tarde da noite na rua procurando (embora solitário) algumas doses de diversão. A partir de seus contrastes e suas cores repetidas começamos a elaborar a aquarela de nossas vidas.
Quando saí, além da bagagem levei meus sonhos mais fantásticos guardados cuidadosamente a sete chaves, porém pouco tempo depois descobri que as chaves nunca estiveram comigo... Hoje me surpreendo quando me pego fazendo planos para voltar... Sou hoje oposto de mim mesmo... Atualmente os fins de tarde que vejo não trazem os bons e velhos amigos, não trazem mais o violão, as músicas e as boas conversas da praça... Hoje as tardes são mastigadas pelo concreto, pelas grades... Pelos prédios.
Recordo saudoso e solitário meu tempo de "coletivo", meu tempo que não era meu, mas sim, nosso! Quando a noite apagava o dia a famosa "voltinha no C.E.R.U" era obrigatória e os papos etílicos transformavam-na em verdadeiras experiências psicodélicas(risos). Essa terra tem o dom de nos conservar crianças cheias de idéias e ideais para quando crescermos termos as condições cabíveis para o mundo ser nosso, e será... Será? Essa terra tem o dom de nos fazer judeus, ciganos, retirantes viajantes em busca de algo que se perdem no caminho e sempre nos inclina a olhar para traz com uma nostalgia lágrima no olhar... Quantos de seus filhos hoje gastam as solas dos sapatos ou envelhecem seus chinelos por ai a fora...? Uns com diploma, outros com fome mas sempre com vontade de vencer e acima de tudo de voltar e mostrar a garra que esse chão, essas serras e esse ar nos faz herdeiros.
Estar fora de São Vicente é como fazer uma viagem astral percorrer vários espaços e nos dar conta de que só há um lugar onde poderemos nos encontrar... Em nós mesmos!
Dedico esse texto a meus pais, sobrinhos, minhas professoras, bons e velhos amigos e todas as pessoas que um dia me desejaram bem e ainda desejam.
Paz, amor e empatia.
Escrito por Petronio (Thynho)
E-mail:Thynho-andrade@hotmail.com
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