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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Vida e Arte: Arte do Povo

O Índio: Um debate cultural travado

Durante séculos de exploração ininterrupta do Brasil, pouca vezes podemos presenciar no debate nacional analises mais profundas acerca dos povos indígenas. Esse “silenciamento” ou mesmo um “abrandamento” em incentivar o levante de questões cruciais com relações aos povos indígenas brasileiros passam por pontos aparentemente “bobos” diante do senso comum, mas que trazem em suas estruturas elementos de peso. Um fator relevante dentro de nossa cultura é a idéia de descobrimento do país pelo portugueses em 1500. a palavra descobrimento, é um termo tão utilizado e aparentemente inofensivo, quando na verdade não é, pois em suma, o verbo descobrir traz a idéia de que antes de tal ação não havia nada, nem ninguém; portanto, ao utilizarmos termos aparentemente bobos como este, estamos ideologicamente criando a idéia de que os povos e culturas milenares do Brasil eram nada, sem valor. Acredito que o termo descobrir pode ser facilmente ou substituído com mais propriedade pelo termo conquista, que já traz em si a idéia de luta, de ocupação forçada.

Durante a fase de ocupação do território brasileiro por um número ínfimo de portugueses muito bem armados, o que houve na verdade foi um grande genocídio e até etnocídio dos povos indígenas. Uma entre tantas etnias que foram dizimadas foram os caetés. As tribos que restaram e que não foram eliminadas fisicamente, foram empurradas território à dentro ou foram aculturadas, perderam seus traços tradicionais para depois servirem como mão de obra escrava para os engenhos de açúcar e para o latifúndio monocultor que até hoje perdura na mão de poucos. É engraçado que os verdadeiros donos da terra, perderam seu chão e hoje muitos acham justo que não se mexa na estrutura fundiária nem no “direito sagrado da propriedade” para devolver a terra aos descendentes dos povos verdadeiramente donos que estão marginalizados.

O trabalho de aculturação indígena, deve muito ao papel desempenhado pela igreja católica na figura dos primeiros jesuítas que apresentaram ao índio a cruz da salvação e o calvário da escravidão. A igreja nesse período e durante muitos outros na História, servia como a criadora de discursos religiosos para legitimar projetos políticos da elite.

Poucos anos depois, a coroa portuguesa decide não mais usar a mão de obra indígena, porque não era tão rentável quanto ir traficar africanos, mas isso é outra página também digna de observação. A igreja agora precisava criar uma justificativa religiosa para mais um ato político, e criou: posicionou-se contra a escravização do índio e aprovou a escravidão negra. “O índio tinha alma, era uma das tribos bíblicas de Israel que se perderam e ficaram inocentes, precisavam apenas de orientação religiosa. O negro não tinha alma, era hereges e só o sofrimento os purificariam. O famoso jesuíta Pe. Antonio Vieira, chegou a afirmar em seus sermões: “A África é o inferno, o Brasil é o purgatório para purificar o negro para o reino dos céus”.

Hoje, quando se trata de índio, vêem esses povos apenas pelo lado exótico ou folclórico, não como pessoas humanas e dignas para viverem a seu modo. Quantos ainda faltam para lutar junto a esses povos. Faltam os Darci Ribeiro, os Orlando Villas Bôas, falta os professores não só tratarem esse tema no dia 19 de abril.

Dia 26 de outubro, no Canal 21, se não me engano, assisti uma reportagem realizada na reserva do Parque Nacional do Xingu, os velhos de uma tribo estavam arrasados vendo os jovens índios se recusarem a realizar alguns rituais tradicionais daquele povo e seduzidos pela televisão, pelo futebol e por roupas da cidade que já invadiam a tribo. Um amigo meu, diante de minha indignação, perguntou-me: “- Eu sei o que isso pode está destruindo a cultura deles, mas será que é justo privá-los de conhecer essas coisas?” Eu respondi: “- Eles não precisam disso, essas coisas não são garantia de vida melhor para esse povo. A cultura deles não é menos importantes por não ter computador, pelo contrário, é mais humana.

Voltei no tempo e constatei que seria bem melhor que os índios brasileiros nunca tivessem conhecido espelhos, pentes e a cruz.

Escrito por: Equipe Cuca Livre

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