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segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Vida e Arte: Arte do Povo

Uma coisa do demônio?


Existem muitas versões sobre a origem da tatuagem, que ocasionalmente quando suscitadas geram uma grande controvérsia. O fato é que a tatuagem desperta interesse tanto nos jovens como nos adultos, seja de pequeninas cidades como a nossas ou grandes metrópoles do mundo inteiro.

Resolvi falar sobre tatuagem esse mês, após identificar alguns alunos meus da 5ª série A, da escola Dr. Manoel Borba. Com parte dos braços, mãos e tórax cheios de tatuagem. No instante que vi os alunos daquela forma fiquei um pouco irritado e pedi pra que todos se dirigissem ao banheiro, na intenção de que apagassem os desenhos.

Fiz aquilo, mas depois fiquei o restante do dia pensando se a minha atitude havia sido correta ou não. Já era tarde da noite quando resolvi procurar em alguns livros, revistas e na internet, algo que falasse sobre as ditas tatuagens.

Os historiadores divergem em suas opiniões, inclusive existem alguns os quais acreditam que ela tenha surgido em algum ponto do planeta e depois se espalhado por todo canto do mundo. O que é obvio. Mas, existem aqueles defensores da idéia de que ela teria aparecido em várias partes do globo de uma vez só. Essa foi mais original!

Mas, defendo a idéia de que a tatuagem esteja juntinha do homem desde os primórdios da civilização. Um bom exemplo para isso são os nossos ancestrais, os da pré-história que se orgulhavam das cicatrizes intencionais, que representavam para o grupo um título de coragem.

As tatuagens também foram utilizadas para registrar os acontecimentos da vida social, como tornar-se um guerreiro, casar-se, etc, ou então para pedir ajuda ao divino, como também no tratamento realizado pelos curandeiros.

A palavra tatuagem ou tattoo em inglês é um jeito de alteração do corpo mais conhecida e venerada do mundo. É um desenho feito na pele humana, é tecnicamente uma aplicação subcutânea conseguida por meio da incrementação de pigmentos e agulhas.

Durante a Idade Média a igreja católica retirou a tatuagem de cena alegando que era COISA DO DEMÔNIO. Porém, era tudo estratégia da própria igreja acabar com antigas culturas e costumes implementando uma lei extremamente ditatorial. Isso implica dizer que se uma vizinha que tivesse raiva de você, e descobrisse no seu corpo uma marca de nascença você poderia acabar na fogueira da Igreja Católica. (risos)

Mas, foi com os marinheiros do séc. XVIII que a tatuagem começou a tornar-se popular novamente principalmente os que navegavam os mares do sul.

Pra dinamizar ainda mais em 1891 foi desenvolvido por Samuel O’Reilly um aparelho elétrico para fazer tatuagens inspirado em um aparelho para marcar couro criado por Thomas Edison.

Os soldados que vivenciaram os horrores da guerra e a distância de seus familiares durante a Segunda Guerra Mundial utilizaram bastante a tatuagem, principalmente para gravar o nome da pessoa amada em seus corpos.

O regime nazista utilizava a tatuagem (uma numeração no antebraço) em seus prisioneiros judeus para identificá-los nos campos de concentração.

Durante a década de 60 surgiu na cidade de Santos (Brasil) a tatuagem elétrica por dinamarquês Knud Harld Likke Gregerssen, vulgo Lucky Tattoo. Este possuía uma loja perto da zona de prostituição, onde passam muitos bêbados, arruaceiros, drogados, etc. então, isso contribui para propagação de muitos preconceitos e discriminação em relação às tatuagens.

Atualmente as tatuagens vêm conquistando espaço novamente na sociedade, devido ao enorme número de informações concedidas pela televisão e a internet.

O fato é que o preconceito à tatuagem ainda existe, a discriminação aos que resolvem fazer uma tatuagem no corpo também. Deixa-se de ver o ser humano enquanto um ser de escolhas, de mentalidade diferente, e passa-se a observar as suas escolhas, seus gostos.

A forma como me comportei diante das manifestações artísticas dos alunos, reprimido-os, é apenas um reflexo da minha educação extremamente preconceituosa, etnocentrista, que mais perpetua os modelos já existentes há anos no nosso país, do que promove a libertação do indivíduo de fato.

Sem dúvida defendo a idéia de que se alguém quiser fazer uma tatuagem, faça sabendo o que está sendo feito. Pois, os povos antigos que tinham o costume de fazê-las possuíam motivos reais, havia significado em suas práticas.

Lembrando dos riscos à pele, dos cuidados que se deve ter após a realização de uma tatuagem, como também, da discriminação que o mesmo pode enfrentar se quiser romper com as concepções preconceituosas que permeiam a nossa sociedade, e por conta disso talvez não consiga um vínculo empregatício.

E quanto as crianças... Vou deixar vocês enrolarem-nas por mais tempo até elas tomarem conhecimento dos reais motivos da existência do demônio.

Escrito por: Daniel Ferreira.

Professor de História e Especialista em História do Nordeste.

E-mail: prof_daniel.al@hotmail.com

2 comentários:

Anônimo disse...

professor Daniel
A tempos que conheci as publicações,li todas e fiquei sentindo falta demais,e olhe que nem sou de ler muito.Sou tatuado também e nunca li nada assim tão esclarecedor sobre o tema,só senti na pele a dor de alguns preconceitos.Percebi desde o primeiro número que uma das propostas de vcs é evoluir o pensamento e as atitudes a partir da quebra de preconceitos vazios.Não desistam dessa luta já que tb é tão prazerosa.

Anônimo disse...

Daniel e CIA Cuca Livre
Sou fã de vcs,sou daqui de Macaparana,lembro quando vc ensinou no Instituto,conheço Josias de vista e o professor Kleber é uma figura,só em ver a gente já viaja;assisti uma vez uma palestra dele no ceru.Como leitor assíduo,senti falta da coluna de educação desse mês.Um lembrete:Cadê a foto do novo cuca no blog?Rapaz,Macaparana tá muito atrás de vocês daí.Cadê coragem e conteúdo desse povo?Chega dar desgosto!Parabéns,muito boooommm!