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segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Umas Palavras


Padre Tadeu Pabis (Ex-pároco e Cidadão Honorário)

Data: 04/09/07

Local: Sua Residência (Rua: João Pessoa).




Cuca Livre: O senhor é polonês de nascimento. Conte-nos um pouco de sua infância e o despertar do sacerdócio em sua vida?

Pe Tadeu: Minha infância foi muito sofrida. De vida no campo e de família humilde. O pai faleceu deixando quatro filhos pequenos. Eu, o mais velho, tinha apenas 7 anos, trabalhando muito com a mãe para manter a família.

O despertar da vida sacerdotal foi desde muito pequeno, mas a decisão já foi na vida mais avançada quando tinha 27 anos, mais ou menos, já havia servido nas Forças Armadas, 2 anos no máximo, trabalhando e fazendo curso de segundo grau por correspondência. Agora, as famílias na Polônia, muito religiosas, então essas coisas também me ajudaram na realização de minha vocação para ser um dia padre.

Cuca Livre: O senhor presenciou a invasão Nazista na Polônia durante o período que abrange a Segunda Guerra Mundial? Como foi acompanhar isso e quais as lições que esses acontecimentos lhe deixaram?

Pe Tadeu: Sim, como adolescente, 10 anos mais ou menos. Inicialmente achava tudo isso como brincadeira, até andando assim, no meio do exercito alemão. Depois quando entendi, eu vi tudo assim: com tristeza, revolta, crueldade, destruição. Teve muitas mortes e isso é triste.

Cuca Livre: Porque a decisão de o senhor vir trabalhar no Brasil?

Pe Tadeu: no seminário maior que estudei se falava muito na falta de sacerdotes em certos continentes, como África, Extremo Oriente e América do Sul. E no seminário na Polônia veio uma vez um bispo alemão do Brasil, do estado de Pernambuco,de Floresta. Era amigo nosso e convidou alguns seminaristas, alguns padres que queriam viajar para o Brasil para trabalhar. Eu decidi entre outros quatro, me prontifiquei a vi, depois de terminar os estudos e me ordenar. Já fazia Curso Superior de Sociologia. Quando decidimos vi para o Brasil, enfrentamos muitas dificuldades para conseguirmos o visto do governo, que na época era comunista e não deixava fácil a saída de padres. Havia muita perseguição religiosa.

Cuca Livre: A propósito, o Regime Comunista Funcionou na Área Social, independente da intolerância religiosa?

Pe Tadeu: Sim, na área social funcionou bem, havia saúde, educação e trabalho para todos, os salários não eram grandes, dava para viver dignamente. A minha mãe, quando adoeceu, o helicóptero do governo veio buscá-la em casa para levá-la até Cracóvia para se tratar. Não havia mendigos nas ruas, mas a perseguição religiosa era grande. Até hoje na Polônia muitas pessoas sentem saudades do Regime Comunista.

Cuca Livre: Faz 20 anos que o senhor vive em São Vicente. Quando chegou aqui, quais as maiores dificuldades para trabalhar na comunidade?

Pe Tadeu: Eu comecei o trabalho aqui nesta diocese depois de trabalhar em Floresta. Em Vicência, depois em Itambé, de Itambé para São Vicente. Então aqui, a paróquia por muito tempo não tinha um pároco fixo, residente aqui, dependia geralmente dos padres que vinham principalmente de Macaparana. Então isso já é motivo de vir para cá. Também nesse caso, a paróquia meio desorganizada, sem a organização necessária, organização de movimentos. Os padres de Macaparana, ou de outros lugares não podia atender a tudo, porque eram provisórios, mas quando cheguei, eu gostava de assumir uma paróquia e de fazer alguma coisa, mas assim, como padre estrangeiro, sem saber ainda falar direito, sempre tive dificuldade de reorganizar, digamos assim, a vida da paróquia com todos os movimentos, com todos os problemas, mas com a ajuda do povo, de certas pessoas, aos poucos fiz alguma coisa.

Cuca Livre: O que mais lhe alegra e o que mais lhe entristece com relação a São Vicente Férrer?

Pe Tadeu: O que mais me alegra é ver que a comunidade de São Vicente Férrer está em constante desenvolvimento social, cultural, religioso, religião mais amadurecida. Agora o que mais me entristece é que ainda há pobreza, falta de trabalho, o pessoal sem trabalho. Assim, um povo alegre, cheio de vida, queria viver mais alegre, mas não pode porque não tem a possibilidade de se desenvolver totalmente, e possuir aquilo que precisa para sua vida, para sua felicidade, assim como deveriam viver todos os homens no mundo inteiro.

Cuca Livre: O que o senhor gostaria de ver na cidade que foi plano seu durante o tempo que era sacerdote oficial da comunidade e que por ventura não deu tempo de realizar ou não foi possível realizar?

Pe Tadeu: Além de ver a paróquia um pouco mais estruturada, ver também a matriz, a igreja mãe, mais segura, mais bonita, com gradeamento. Eu comecei até naquele tempo já, esse trabalho, mas infelizmente não deu tempo para levar à cabo esse trabalho e graças a Deus, padre Vieira fez.

Cuca Livre: Sabemos que as igrejas, além do papel espiritual, têm um grande compromisso social. O que o senhor considera elemento principal na missão social da igreja?

Pe Tadeu: A defesa, a defesa dos mais fracos, dos mais pobres, dos injustiçados. Ajudando-os nos casos concretos, não só falando, mais realmente ajudando essas pessoas concretamente, sendo amigo de todos, não só dos grandes, dos importantes desse mundo, mas ser amigo de todos. Diante de Deus somos iguais, somos irmãos, e devemo-nos assim tratar. O padre, nesse campo social, deve tratar todos como seus amigos, de preferência os mais pobres.

Cuca Livre: Como foi para o senhor receber o titulo de cidadão honorário vicentino, depois de 20 anos aqui na cidade?

Pe Tadeu: Muita surpresa, uma grande surpresa, porque eu não pensava que isto ia acontecer, que eu não fiz tantas coisas importantes para merecer um titulo de honra e de distinção. Então eu me senti feliz, me senti alegre cada vez mais, é que o povo reconhece que fiz alguma coisa que pelo menos agrada o povo. Eu vim de uma família pobre e sempre procurei ajudar os pobres, por lembrar minha mãe que sempre me dizia e me falou quando vim para o Brasil: - “Filho, não se esqueça dos pobres... (pausa: muito emocionado, chorou e pediu um momento)” a minha mãe sempre me dizia: - “Filho, você sofreu, (pausa) você passou fome, não se esqueça lá no Brasil, dos pobres. Procure ajudar os pobres do Brasil, (pausa) por isso procurava ajudar (emocionado)”.

Cuca Livre: Por que a decisão de não voltar à Polônia para viver aqui, mesmo depois de já está aposentado do cargo?

Pe Tadeu: A minha decisão não é de hoje, já é de algum tempo. Eu sempre desejava terminar minha vida lá onde trabalhei, no Brasil. Então quando sai da Polônia, já era no santino (como se chama), quando da minha ordenação, eu já escolhi, esse trecho da Bíblia “saia do seu povo (no Antigo Testamento) – sai do seu povo vá ao povo que lhe mostrarei etc., etc.,”Então,pensando nisso,quando escolhi o Brasil,como missionário,e eu não estou assim,muito amarrado ,muito ligado à bens materiais,pois mais cedo ou mais tarde,nós vamos deixar tudo isso.Então,eu queria assim, ficar onde trabalhei,eu quero aqui ficar.Quando me aposentei,ainda era Dom Jorge o bispo,ele me falou:Você escolhe o lugar onde quer ficar, para viver, para residir, para ajudar os outros. Você não quer ficar em São Vicente? Você gosta, um lugar bom, um povo bom, então eu disse: ta bom, eu vou ficar lá. Então, minha decisão não foi de agora, foi desde que cheguei aqui e é aqui que eu vou ficar.

Cuca Livre: Quais as suas perspectivas com relação à cidade e ao povo vicentino?

Pe Tadeu: É claro que São Vicente Férrer têm as maiores possibilidades porque a terra é boa nesta região, tem muita água suficiente para tudo e povo também tem boa vontade de trabalhar, de produzir e depois se manter. Com os nossos governos, o governo lá em Brasília, ou em Pernambuco, e aqui na cidade, no município, com governos que estejam cada vez mais voltados para atender as necessidades do nosso povo, pode conseguir esse progresso, essa felicidade para todo o povo, porque o povo merece ser feliz. Eu fico assim triste, porque o povo quer se vestir bem, quer comer bem, quer fazer uma coisa alegre, ser alegre na vida, mas não pode porque às vezes não tem o que comer, e esse povo merece. Vendo a Europa por exemplo, que tem muita gente, que tem tudo e aqui tem muita gente que trabalha e queria viver como gente, mas não pode, porque as vezes não tem dinheiro, não tem o que comer e esse povo merece. E os governos deveriam se voltar para esse povo que trabalha, que produz e que quer ser feliz.

Bate Bola

Cuca livre: O mundo?

Pe Tadeu: Muito Melhor, queria que fosse para todos.

Cuca livre: As pessoas?

Pe Tadeu: Que todos sejam pessoas amigas

Cuca livre: uma tristeza?

Pe Tadeu: O dever não cumprido.

Cuca livre: Uma possibilidade?

Pe Tadeu: A Paz entre os homens e povos.

Cuca livre: Um gesto?

Pe Tadeu: Amor, doação.

Cuca livre: Uma palavra?

Pe Tadeu: Deus, porque em Deus se resume tudo.

Cuca livre: Uma frase?

Pe Tadeu: “Tudo posso naquele que me dar conforto, que me fortalece”

Cuca livre: Um sonho?

Pe Tadeu: Justiça social para todos.

Um comentário:

Thaysinha... disse...

muitxuh massah...
vei o padre daki jah participo da guerra..
iruu...
muitxuh interessantihh...
ameii...