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segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Vista de Um Ponto

O desafio de conviver com as diferenças

Somos um povo tolerante? O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deste ano se propôs a discutir o desafio de conviver com a diferença. O tema da redação que pode facilitar o acesso de muitos jovens à universidade é bem explícito e considerado bom, pois leva a pensar em um conceito de convivência humana pacífica. Especialmente, num país em que se queima índio em praça pública da Capital Nacional, se maltrata empregada doméstica e se diz que confundiram-na com prostituta, em que atores “globetes” desrespeitam garota de programa e travesti, faz-se necessário uma reflexão sobre a convivência. Não dá pra “con-viver” se não se respeita a diferença. Mas de qual diferença estamos falando? Sabemos que o Brasil é enorme, há diversidade de culto e cultura, desigualdade financeira, sexual, étnica e outras.

Saber conviver é uma arte que todos nós deveríamos aprender desde a mais tenra idade, no entanto, na lei do mais forte, muitas vezes, somos impelidos a nos associar a quem tem mais poder e força e ser ou querer ser um deles. Precisamos saber conviver em família, nosso primeiro grupo social, na escola, na roda de amigos, na igreja a qual pertencemos. Porém, temos que ter nossas particularidades, queremos ser únicos, mas nos vestimos e agimos como a maioria da moda para sermos considerados iguais.

Neste aspecto, se partirmos do pressuposto de que a única coisa que temos de igual é o fato de sermos diferentes uns dos outros, vamos ter que nos acostumar e valorizar as diferenças de cada um, pois são elas que tornam toda pessoa única e especial. A proposta da referida prova oferecia duas músicas cujos títulos sugeriam posições diferentes acerca do tema, mas que convergiam para o fato de haver a diversidade cultural e social e ao mesmo tempo a nossa dificuldade de conviver harmoniosamente com ela.

Num país continental como o nosso, é fácil encontramos tantas diferenças, exemplo disto é que a mesma língua falada (o português) apresenta particularidades que diferenciam os falantes no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul ou no Rio Grande do Norte. A língua é um fator de unidade nacional, no entanto ela também pode ser variada e nessa variedade tudo toda forma precisa ser valorizada.

Um outro fator de diversidade é a religião. Não há uma que seja a oficial no Brasil, mas a maioria das pessoas é de crença cristã, católica (mesmo quem não pratica religião se diz católico). Há também as diversas correntes protestantes, os variados níveis de espíritas e outras tantas religiões. Nelas reina uma intolerância enorme, pois cada qual que afirme que a sua é a única que salva em detrimento das demais.

A diversidade cultural expressa por brasileiros de norte a sul é proveniente da mistura de raças que forma nossa nação, somos africanos, europeus, índios, asiáticos. Formamos uma cultura cheia de valores diferenciados e que devem ser respeitados porque dão a cada um de nós a certeza de que “ninguém é igual a ninguém”. Essa mistura cultural é tão necessária ao ser humano quanto a diversidade biológica e precisa ser considerada como um fator de enriquecimento. Somos um país riquíssimo culturalmente.

Além de exigir que os estudantes concluintes do Ensino Médio apresentem um texto coerente nos aspectos discursivos e gramaticais, obedecendo à norma padrão da língua, a proposta de redação requeria do candidato que fossem respeitados os direitos humanos e sugeridas intervenções consoantes ao tema. Apesar de haver muitas deficiências na formação dos nossos educandos esperava-se que os mesmos fossem capazes de defender seus pontos de vista com argumentos competentemente selecionados e propostas que visassem o respeito às diversas expressões culturais sociais e religiosas, políticas e de inclusão social possibilitando trocas benéficas ao enriquecimento mútuo. Afinal de contas somos realmente únicos, especiais e diversos. “Há tantos quadros na parede, há tantas formas de se ver o mesmo quadro/ Há tanta gente pelas ruas/ Há tantas rua e nenhuma é igual à outra” (Engenheiro do Havaí).

Emanoel Lourenço – Professor

Emanoel_lourenco@hotmail.com

Cerujoaofrancisco.blogspot.com

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