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segunda-feira, 12 de maio de 2008

Vento e Raiz

Carta aos Vicentinos


Quando soube do projeto CUCA LIVRE e tive acesso ao jornal, senti um orgulho imenso pela belíssima iniciativa de criada um veículo de valorização da nossa cultura e da nossa terra.

O convite para escrever para o jornal, vindo do meu amigo Daniel (posso chamá-lo assim, pois já vivemos muita coisa juntos) me deixou muito feliz e aceitei de pronto. Então vieram as dúvidas sobre o quê escrever? Poderia tratar de algum tema em Psicologia, mas não seria nada que se aproximasse da relação que tenho com a minha terra. Também não queria escrever como uma universitária qualquer sobre um assunto qualquer, não queria palavras vazias.

Por sugestão de uma amiga, li um livro sobre identidades na cultura pós-moderna de Stuart Hall (2006) e decidi escrever sobre como as identidades contemporâneas estão se fragmentando, mas quando me deparava com o papel em branco não conseguia ser metódica e simplesmente construir um texto fazendo colocações sobre as idéias do autor faltava pessoalidade, faltava emoção; contudo o livro me levou a pensar. Hall em seu estudo diz que o conceito de identidade mudou através da história. Essas transformações ocorreram desde o sujeito na concepção iluminista completamente centrado e unificado, dotado de consciência racional com a qual baseia suas ações, identificando assim um núcleo interior como "centro", núcleo esse que nascia com o sujeito e se desenvolvia ao longo de sua existência. Com o decorrer da história o sujeito passa a ser encarado em uma perspectiva sociológica onde o núcleo do indivíduo se constitui na relação com o meio, como diz Hall "a sociedade é formada na interação entre o eu e a sociedade". Nos tempos atuais, atendendo a uma exigência pós-moderna, o eu é visto de uma maneira fragmentada, ou seja, assumimos diferentes identidades ao longo da nossa história, algumas vezes simultâneas, em outras totalmente incoerentes. Segundo Hall é fantasia pensar em uma identidade totalmente unificada, completa, segura e coerente. Para se chegar a esse pensamento aconteceram marcos de descentramentos desse sujeito através da história (mas não vou entrar nisso, pelo menos agora).

Foi somente aí que descobri minha dificuldade em escrever, não sabia qual identidade usar. Não sou somente nordestina ou vicentina, sou também mulher, sou filha, sou ex-aluna do CERU, sou aluna da PUC-Rio , sou atual moradora do Rio, sou amiga e sou simplesmente Jane que muitos conheceram e talvez agora desconheçam, pois esses quatro anos aqui foram de muitas mudanças, sou todas essas identidades e vou chegar a ser outras.

Escrito por: Jane Correia

Vicentina residente no Rio de Janeiro

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