Sejam Bem vindos

Caros amigos sejam bem vindos ao Blog Cuca Livre Um Jeito Diferente de Pensar. Aqui você pode ler, refletir, através do senso crítico opinar e também expor suas idéias.

A Direção Cuca Livre agradece sua visita ao blog!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Umas Palavras


Gilvan Guedes (Empresário e Agricultor)

Data: 12/08/07

Local: Sua Residência (Fazenda Mirim – S.V.F).

Cuca Livre: Como o senhor se sente em ser vicentino? Ou melhor, o senhor nasceu aqui?

Gilvan Guedes: Eu não nasci aqui não, nasci em Recife. Meu pais como outras pessoas que tinham posses iam parir em Recife. Mas, eu só nasci no Recife e vim logo praqui. Vivi a infância toda no engenho. Eu me sinto bem, é a região que eu gosto,clima muito bom, chove bem. Gosto de estar aqui, mas o que me faz sentir muito é ver uma região tão boa não se desenvolver tendo tudo pra isso. Só não se desenvolve pelo desinteresse de muitos com essa terra.

Cuca Livre: De suas lembranças, o que ficou mais vivo do exemplo de seu pai (o sr. Pedro Pereira Guedes) e dos tempos do Engenho Gracioso da Serra?

Gilvan Guedes: Era aquele movimento que tinha, os matutos carregando cana, fazendo rapadura, os partidos de cana-de-açúcar, o cheiro, o cheiro é muito vivo, o mel. Eu até hoje quando passo na praça onde era o engenho me lembro do cheiro mel.

Do meu pai, me lembro muito de sua facilidade de fazer amizades, espirituoso, muito alegre, fazia amizade com muita facilidade. O povo gostava muito dele.

Cuca Livre: Como filho de um proprietário industrial da cana, como o senhor encara a importância dos engenho naquela época para São Vicente Férrer?

Gilvan Guedes: O engenho movimentava muita coisa porque era como se fosse uma pequena industria hoje. O engenho era como se fosse uma pequena usina. Tinha muitos empregados, muita mão-de-obra empregada e isso já é muito importante porque tira muita gente da miséria. Para a época era muita inovação, pra você ter idéia, até pra chegar energia aqui papai deu muita idéia.

Cuca Livre: Seu pai, o senhor Pedro Pereira Guedes, além de um industrial (digamos assim) era representante de uma elite agrária e foi também prefeito do município. Quais os feitos em nível social que você lembra como essenciais para o povo ou inovadores na administração do seu pai?

Gilvan Guedes: De obra social do tempo de papai, eu não me lembro de nenhuma (risos). Papai não era bom administrador, até para algumas coisas do engenho, é tanto que ele nunca ia acompanhar o trabalho ou ir para dentro do plantio.

O grande feito social de papai, é que no tempo dele como prefeito não havia perseguição. Não tinha nem como fazer muito em termos de obras, naquela época as prefeituras não recebiam as verbas que vem hoje. Ele fez algo pela educação, lembro que comprou carros para levar estudantes para outras localidades. Até tinha políticos que o aconselhavam para que alguns alunos não fossem no carro da prefeitura e papai não aceitava essa visão, dizia: “a prefeitura é de todo mundo”. Não tinha ginásio aqui e os rapazes e moças iam para Macaparana ou Timbaúba estudar.

Não sei se ele lembra, mas na época, Zé Hélio era estudante e era de partido contrario ao de papai, Sandoval na época, disse a papai: “Pedro, num deixa ele ir no carro não, tu tai criando cobra pra te morder” e papai com aquele riso fino disse: “cobra só presta grande!”. (risos).

Cuca Livre: Em nossa visão, o Engenho Gracioso da Serra deveria ter sido preservado em sua estrutura original e se transformado ou ter sido aproveitado de maneira racional como um centro de história e cultura, embora a idéia da praça não fosse abolida. Como foi para o senhor presenciar a destruição de um patrimônio histórico-cultural de uma época?

Gilvan Guedes: Foi muito triste aquilo. Foi uma perca muito grande para o município. Foi no tempo da administração de Laete. Como é que um governante chega a destruir um patrimônio daqueles? Até poderia ser feitas áreas de praça nas áreas livres ao redor do engenho, lanchonetes e tal, mas sem destruir tudo. Usasse os barracões para a venda de artesanato e cultura.

Cuca Livre: Em sucessivas administrações municipais presenciamos a descaracterização da praça Pedro Pereira Guedes que inicialmente chamava-se praça Governador Moura Cavalcanti. Como o senhor encara essas atitudes para com esse patrimônio público do povo vicentino?

Gilvan Guedes: Isso é um absurdo! Porque ali não deveria nem ter bares, poluição sonora nem o lixo que a gente ver. Não podia ter aquilo tudo, nem lanchonete móvel deveria ter ali dentro, nos arredores sim. Aquilo que fizeram para os moto taxistas foi outro absurdo. Os meninos trabalham e mereciam um lugar, mas ali não. Acho que nem os meninos gostaram muito daquilo, nem usam.

Cuca Livre: Uma visão muito própria da equipe do jornal é que já que o engenho não existe mais, os órgãos de cultura e educação do município deveriam propor ações mínimas aos poderes da administração local como por exemplo: preparar uma espécie de outdoor com fotografias e relatos sobre o antigo engenho para ser postado na praça como uma maneira de registro e conhecimento público do que foi aquele espaço. É já uma dica, o senhor concorda com essa idéia?

Gilvan Guedes: É uma ótima idéia! Tem aqueles azulejos que fazem e que resistem ao tempo e que podem ser feitos com as informações, poesias, fotos e que é uma coisa linda.

Não sei porque também não aproveitaram aquela várzea na entrada da cidade. Existe um projeto pronto que foi prometido também fazer com lagoa e área de caminhada e etc.

Cuca Livre: Na história política do município sabemos que as ideologias e as lutas públicas muitas vezes são suprimidas por rancores pessoais. A praça como sendo um dos pontos mais destacados da cidade, sofreu ao longo dessas rinhas sendo o alvo dessas disputas. Como o senhor ver esse bem público servir de “porta voz” desses embates inúteis? Até a administração recente de seu irmão (Pedro Augusto Pereira Guedes – Pedoca) não ter dado o devido valor e atenção àquele patrimônio?

Gilvan Guedes: Acho horrível! Eu não sei o que Pedoca fez, ele poderia ter feito mais coisa em prol da história e da memória do povo. Ele não deu muita importância também não. Deveriam dar mais atenção.

Cuca Livre: Como o senhor, profissional que tem no beneficiamento da banana o alvo maior na representação dos produtos da terra, vê o incentivo dessa via?

Gilvan Guedes: Eles não dão importância, deveria se dar, mas atenção, fazer parceria com órgãos. Antigamente aqui em São Vicente tinha uma cooperativa dos agricultores (Cooperativa Dr. Manoel Borba) e era muito bom, possuíamos até tratores, comprávamos adubos e sementes mais barato, além de instrumentos agrícolas, hoje não tem mais, parece que andamos para traz.

O SEBRAE no Rio Grande do Norte levou a gente para a FISPA em São Paulo para divulgar os produtos, foi produto para o Japão, para Itália e etc. Já demos vários cursos por aí, lá fora as pessoas dão muito valor. O Globo Rural veio aqui outro dia nos entrevistar. O que falta é buscar apoio.

Bate Bola

Cuca livre: O mundo?

Gilvan Guedes: É belo.

Cuca livre: as pessoas?

Gilvan Guedes: Indispensáveis.

Cuca livre: uma tristeza?

Gilvan Guedes: É muito ruim

Cuca livre: uma possibilidade?

Gilvan Guedes: Sempre ter esperança.

Cuca livre: um gesto?

Gilvan Guedes: Sempre ser nobre.

Cuca livre: uma palavra?

Gilvan Guedes: Amizade.

Cuca livre: uma frase?

Gilvan Guedes: Encantadora

Cuca livre: um sonho?

Gilvan Guedes: Belo

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei demais da iniciativa desses meninos daí de São Vicente,o negócio é esse.Faz tempo que fui aí mais vou aparecer.Conheci se Pedro e conheço Gilvan,é um cara arretado.Se todo interior tivesse um negócio desse era bom.Só a idéia de entrevistar ele foi muito dentro dos assuntos.Sorte pra vocês.