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segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Liberducação

“Pátria que me Pariu”.

A primeira semana de setembro dos meus tempos de escola era uma farra nacionalista, confecções e pinturas da Bandeira Nacional, ensaios exaustivos da entoação do Hino, aulas de História, há as aulas de História! Figuravam na boca das professoras os “grandes feitos” dos “Heróis” nacionais, ou os vultos da pátria como eram conhecidos.

Nós, todos pequenos, devaneávamos na idealização imaginária de D. Pedro I sobre o cavalo, empunhando a espada e gritando para o nada: “Independência ou Morte”. Cena lendária, carregada de saudosismo que tentávamos reproduzir com nossos chapéus e espadas de jornal, nos recreios da semana da pátria.

O grande dia era o 7 de setembro, a culminação das atividades, banda marcial, a célebre baliza, os filhos dos mais abonados iam de destaques, caracterizados dos “Heróis” da Pátria que nos Pariu. Tinha Tiradentes, D. Pedro I e II, a princesa Isabel, geralmente ladeada de crianças negras vestidas de escravos, mais com os braços levantados mostrando as correntes partidas.

Era um espetáculo! O povo nas calçadas se acotovelando e as mães dos destaques sempre à apostos com toalhinhas para enxugar o suor e garrafas de água para refrescar a exaustão de seus pequenos pupilos, mas tudo se aliviava nas tricotagens à respeito do quanto se gastou em dinheiro na fantasia dos filhos.

Depois da macha ordenadazinha, marcadazinha, padronizadazinha, paravam os pelotões em “posição de sentido” para hastear a bandeira e cantar o hino, não importava o sentido da letra, o negocio era não errar e não fazer feio.

Para fechar a celebração, engolíamos goela abaixo os discursos dos políticos no palanque montado. Seu fulano de tal pega o microfone e era aquela verborragia:

- Tico-Tico-Teco-Teco... A constituição...

- Tico- Tico-Tico-Tico... A pobreza...

- Teco-Teco-Teco-Teco... O povo... O Brasil... A Independência depende de mim...

Voltando para casa, as crianças exaustas, já com o conga azul na mão e os adultos conversando:

- Tu visse seu fulano como falou bonito?

- Vi, mas me desviei uma horinha pra olhar esse diabo desse menino, o que foi que ele disse mesmo?

- sei não, só sei que falou foi bonito. Aquilo é que é um homem para se dar um voto.

Pronto! Esse era o nosso 7 de setembro, marcado pela futilidade, pela mentira, pelo oportunismo, pela ordenação e principalmente pelo silêncio, pois falar numa hora como aquela era desrespeito à nossa pátria mãe gentil. Ninguém se dava conta de que essa “mãe” já tinha abortado tantos filhos, vendido tantos outros, desconhecido a maternidade de muitos, dado muito a muito poucos e matado tantos de fome, de abandono, de desatenção, de privação.

Ainda hoje há quem não se pergunta: Ordem em que sentido? E Progresso para quantos? Há quem se sinta extremamente nacionalista e canta de mão empalmada sobre o peito e de olhar fixo no horizonte: “Verás que um filho teu não foge à luta, bem teme quem te adora a própria morte. Terra adorada...”. E a todo momento esses são quem geralmente traem a pátria, quando não faz caso na figura do menos favorecido que é quem sempre paga mais caro, trai a pátria quando se omite a lutar. A falar, a denunciar erros. Que cultura é essa? Precisamos perpetuar para sempre essa hipocrisia? “O jeitinho brasileiro”? O “tudo acaba em pizza”? O apadrinhamento? O pistolão? O nepotismo?... Etc.etc.etc...

A escola, a educação têm um papel fundamental na nova pátria que precisamos formar, a pátria é cada um de nós mais humanizados, mais coletivos, mais conscientes. A escola precisa ensinar ao aluno que independência se conquista desde cedo, que uma nação de verdade se começa com justiça social, que não precisamos de “HÉROIS” que de “CIMA PARA BAIXO” tomem as decisões e a gente fique só para aplaudir, servir de volume, ou de “bucha de canhão” para empreender e realizar as grandes empreitadas que eles não conseguem fazer sozinhos.

A escola precisa contar para o aluno que o “Grande Acontecimento de 7de setembro de 1822” foi um grande acordão. A independência do Brasil era “favas contadas” e D. Pedro já havia sido alertado pelo pai D. João VI, rei de Portugal, quando disse-lhe: “Meu filho, faça a independência antes que um aventureiro o faça”. Era melhor tudo ficar entre família, e Portugal para reconhecer essa tal independência de sua ex-colônia, exigiu pagamento de dois milhões de libras esterlinas, quantia que o Brasil não tinha, mas o novo imperador tomou emprestado com a Inglaterra, que depois recebeu com tantos juros e correções monetárias que quase expõem as tripas do povo brasileiro já tão exausto de exploração.

E hoje?Que independência temos para comemorar? Vamos celebrar o quê? A exclusão social? Os mensalãos da vida? Os grandes exemplos de ética na política? Os Renans Calheiros do Senado? Tudo isso sem falar na escorchante dívida externa que só com os juros que pagamos, dava para dar uma guinada na saúde e na educação. Sem falar também na permanência do latifúndio intocável pelo governo do ex-operário tão afeito aos movimentos sociais e aos sem terra,sem teto,sem nada.

A escola tem a obrigação de fazer o aluno enxergar o mundo em que vive de maneira crítica, e agir sobre essa realidade na perspectiva de mudá-la. A semana da pátria deve ser um dos períodos de reflexão, de debate, de confronto de idéias, de analises, de luta, de ir para a rua e ensinar o aluno a lutar por direitos, de mostrar para a sociedade que estudante não é imbecil, que escola é um grande agente social.

O 7 de setembro é data para mostrarmos que somos brasileiros passíveis de construir uma consciência de nossas falhas e limitações, porém não nos conformamos e estamos aptos para mudar, para construir de fato uma sociedade mais inclusiva. O 7 de setembro é dia de construir a independência que ainda não temos, e não esconder nossas vergonhas sociais com plumas e paetês.

Escrito por: Kleber Henrique

E-mail:prof_kleber_henrique@hotmail.com"

Professor de História


3 comentários:

Anônimo disse...

ATÉ QUE ENFIM MEU FILHO!EU ESTAVA À ESPERA.EU DISSE QUIE NÃO TE DEIXARIA MAIS EM PAZ.MEU CAMARADA E AMOR DE SEMPRE,QUE BOM SABER QUE O SONHO NÃO ACABOU PRA GENTE,POR MAIS QUE A REALIDADE SEJA DURA ,O MUNDO É POSSÍVEL DE SER MUDADO AOS POUCOS,EMBORA NÃO VEJAMOS OS FRUTOS NO ATO.PÔ TA VÊNO!EU QUERER ENSINAR A QUEM MAIS ME DEU FORÇA E ME ENSINOU A TER CORAGEM NESSE MUNDO.EU NÃO TE DOU ENDEREÇO DE E-MAIL PORQUE NÃO TENHO NEM GOSTO,MAS VOU TENTAR TEU TELEFONE DAÍ ,ACHO QUE É O MESMO.JÁ DÁ PRA VER QUE SEUS NOVOS COMPANHEIROS SÃO DE ROCHA TBM.MEUS CAROS CUCAS,SEGUREM ESSE CARA COM TODA FORÇA,ELE NUNCA QUER CRESCER SÓ,MAS SUBIR COM QUEM TÁ JUNTO,NUNCA VI NINGUÉM DEIXAR A PRÓPRIA VIDA PRA APOIAR OS AMIGOS COMO ELE.PARABÉNS,JORNAL TÁ ÓTIMO E A AMIZADE TBM!QUERIA EU TÁ AÍ!BRASA,BEIJOS MIL.TE ADORO MUITO!

Anônimo disse...

Professor kleber
O que dizer de um artigo que mexe tanto com cada um de nós acima de vinte e poucos anos que pegamos ainda no auge os reflexos da ditadura?Só o que tenho pra lhe dizer é que esse tipo de consciência tá cada vez mais raro em nossa sociedade tão desgastada nos falsos valores que ela mesma criou.Gostaria de presenciar cada recanto brasileiro com professores como vc e cada roda de amigos com sentimentos tão nobres e elevantes.

Anônimo disse...

KLEBER
O QUE DIZER? DESSES TEXTOS?
"DEBAIXO DOS CARACÓIS DOS TEUS CABELOS,UMA INTELIGÊNCIA SOMADA A UMA REBELDIA E ATÉ UMA AGRESSIVIDADE DE QUEM NADA TEME "ISSO TUDO SOMADO A GRANDES SENTIMENTOS E AMIZADE .RAPAZ,UM ACHADO!